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Bancada ruralista vê 'melhor momento' no Congresso para liberação de agrotóxicos

OESP, Economia, p. B3
03 de Fev de 2021

Bancada ruralista vê 'melhor momento' no Congresso para liberação de agrotóxicos

O novo presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), disse que a mudança nas presidências da Câmara e do Senado cria 'convergência única' para que o agronegócio avance em suas pautas prioritárias

André Borges, O Estado de S.Paulo

André Borges, O Estado de S.Paulo
02 de fevereiro de 2021 | 15h35

BRASÍLIA - Nunca o momento foi tão "promissor" para que o Congresso avance em propostas como a liberação de mais agrotóxicos, a revisão dos processos de demarcação de terras indígenas, a flexibilização do licenciamento ambiental e a regularização fundiária na Amazônia, segundo o novo presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Sérgio Souza (MDB-PR).

Souza tomou posse do comando da FPA nesta terça-feira, 2, assumindo o posto que foi ocupado por dois anos pelo deputado Alceu Moreira (MDB-RS). Em almoço que contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a nova liderança da bancada disse que a mudança nas presidências do Congresso cria uma "convergência única" para que o agronegócio avance em suas pautas prioritárias.

"Há uma convergência. Estamos passando pelo melhor momento, que é o da convergência, da vontade e unicidade. Temos Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que serão os grandes aliados da FPA em suas causas", afirmou Souza, destacando ainda o alinhamento com o "pensamento ideológico" do presidente Jair Bolsonaro.

O presidente da FPA , que integra mais de 260 deputados da Câmara, mencionou "três pautas caras ao setor produtivo" e que devem ser priorizadas, a partir da nova composição no Congresso: a regularização fundiária, a liberação de novos agrotóxicos e a revisão da legislação em processos de demarcação de terras indígenas.

"A regularização fundiária vai dar um título a quem tem direito e trará responsabilidade, em respeito à legislação ambiental. Nós teremos identificado quem, de fato, desmata e faz queimadas ilegais neste País, para nós extirparmos de vez a imagem negativa que temos dentro e fora de nosso País", disse.

Sobre os agrotóxicos, o parlamentar afirmou que a ministra Tereza Cristina tem avançado no tema, mas que é preciso "resolver essa questão de uma vez". "Nós sabemos o que o governo faz dentro da questão de liberação de novas moléculas na Anvisa e a modernização das moléculas que temos aí. Sabemos o quanto foi difícil avançarmos nisso no mandato passado, mas essa é uma grande oportunidade de resolver isso de uma vez."

Em relação às terras indígenas, as prioridades da bancada ruralistas dizem respeito a mudanças na legislação que permitam a exploração comercial das terras para produção - seja pelos próprios índios ou arrendamentos para produtores -, além da revisão do marco temporal de ocupação das terras, com o argumento de que os povos indígenas só poderiam ter direito à terra se provassem que estavam ocupando o território em 1988 ou anos anteriores.

"Sabemos o que o governo faz na questão de demarcação de terras indígenas, mas precisamos avançar na questão de legislação", disse o presidente da FPA, chamando a atenção para uma "janela de oportunidade" para tratar desses temas. "Tudo leva a crer que nós teremos uma continuidade desse governo liberal por vários anos, mas uma hora podem retornar aqueles que não têm a mesma ideia que nós. Estamos vivendo o melhor momento para avançarmos naquelas pautas que são caras ao setor produtivo."

Na avaliação de Sérgio Souza, o terceiro ano do mandato presidencial seria o mais "ideal" para tocar os temas, porque já passou o ano inicial de arrumação e o ano seguinte, de eleições municipais. "Nenhum ano é melhor para avançarmos nessas pautas do que o terceiro ano do mandato. É agora que tem que ser. Este é o ano, e é no primeiro semestre. Precisamos avançar nestas pautas prioritárias e esta é a nossa missão."

Imagem do agronegócio
O presidente da FPA disse que vai atuar para que o agronegócio deixe de ter uma imagem negativa dentro e fora do País. "Vendem uma imagem, no estrangeiro e perante a sociedade, pela televisão, mostrando que nós não produzimos com sustentabilidade, alimentos de qualidade com responsabilidade ambiental, quando nós fazemos isso melhor do que qualquer país do mundo."

Durante a transmissão do cargo, a ministra Tereza Cristina disse que 2021 deverá ser mais um ano recorde de produção para o setor. "Vai ser um ano bom. Temos uma safra recorde, provavelmente, a ser colhida. Com certeza será igual ou maior a que tivemos no ano passado. Por outro lado, vai ser difícil. Na vida é tudo assim. Temos o problema de preços, temos que ficar muito atentos. A sociedade brasileira espera que as coisas tenham equilíbrio. Nós temos a pandemia. Infelizmente, pensávamos que seria um ano melhor", disse.

Na semana passada, membros da bancada ruralista realizaram, de forma independente da FPA, o "coquetel do agro", para consolidar o apoio à candidatura de Arthur Lira à presidência da Câmara. Um dos principais articuladores do ato foi o deputado Neri Geller (Progressistas-MT), vice-presidente da FPA. Então presidente da Frente, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) declarou apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), por serem do mesmo partido. O mesmo caminho foi seguido pelo vice-presidente da FPA, Sérgio Souza (MDB-PR), que votou em Baleia. Lira não participou da posse do novo presidente da FPA.

OESP, 03/02/2021, Economia, p. B3

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