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Aval para Belo Monte teve oposição na Funai

FSP, Mercado, p. B3
28 de Jan de 2011

Aval para Belo Monte teve oposição na Funai
Técnicos do órgão recomendaram parecer desfavorável à liberação
No documento, técnicos afirmam que faltam ações emergenciais na região; Ibama alega que licença é apenas parcial

Fernanda Odilla
De Brasília

Além de terem recomendado parecer desfavorável à licença parcial que autoriza o início do canteiro de obras da usina de Belo Monte, no Pará, técnicos da Funai (Fundação Nacional do Índio) alertaram o órgão para o fato de que a decisão do Ibama não está prevista na legislação.
Com a licença parcial, a responsável pelo empreendimento está autorizada a desmatar 238 hectares para a montagem dos canteiros de obra e dos acampamentos nas localidades de Belo Monte e Pimental.
O documento ao qual a Folha teve acesso é do dia 14 deste mês e destaca que a principal preocupação dos técnicos da Funai é com a localização das obras, a cerca de dez quilômetros da terra indígena de Paquiçamba, e com a ausência de ações significativas para as comunidades indígenas.
"Ainda restam condicionantes e ações emergenciais cujo objetivo era a preparação da região para o empreendimento", diz o texto, acrescentando que o não atendimento, caso o Ibama emita a licença de instalação de obras iniciais, "compromete a segurança da condução do processo e da integridade das comunidades indígenas na região".
O texto recomenda que a Funai se manifeste contra a "emissão de qualquer licença de instalação".

RESPOSTA DO IBAMA
O Ibama informou que o ofício da presidência da Funai encaminhado ao órgão no dia 20 não se opôs à licença parcial, que permite apenas a instalação do canteiro de obras.
A agência ambiental esclareceu ainda que o cumprimento de todas as 40 condicionantes gerais e 26 relacionadas aos direitos indígenas será levado em conta na emissão da autorização.
Procurada, por meio da assessoria, a Funai não esclareceu por que a avaliação dos técnicos não foi levada em conta pelo órgão.
Afirmou apenas que "não vê óbices à liberação dos canteiros pioneiros e acampamentos dos sítios Belo Monte e Pimental" desde que sejam garantidas as condicionantes do processo de licenciamento da obra.
No entanto, o Ministério Público Federal do Pará decidiu acionar ontem a Justiça contra a licença de instalação parcial.
Na avaliação do procurador Ubiratan Cazetta, não há base legal para o modelo autorizado pelo Ibama. Para ele, a autorização para tirar o projeto do papel só deveria ser dada após o empreendedor cumprir todos os itens da lista de condicionantes.

FSP, 28/01/2011, Mercado, p. B3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2801201107.htm

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