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Audiência mobiliza Coari

A Crítica-Manaus-AM
19 de Fev de 2002

Na noite da segunda-feira passada, o Município de Coari (a 370 quilômetros de Manaus) foi movimentado com a realização da primeira Audiência Pública para discussão dos impactos ambientais que serão causados pela construção do gasoduto Coari-Porto Velho. A audiência, que pelo menos no início lotou as arquibancadas da escola GM, começou às 19h30 e se estendeu noite adentro. Às 23h o debate continuava acirrado.

Além de representantes do poder público municipal e dos diversos segmentos da sociedade coariense, a Audiência contou com a presença de técnicos e diretores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Petrobras e da Cepemar Serviços de Consultoria e Meio Ambiente, empresa responsável pelo Estudo de Impactos Ambientais e Relatórios de Impactos Ambientais (EIA/Rima).

Técnicos da Petrobras se esforçaram para explicar de forma didática os procedimentos envolvidos e evidenciar os benefícios que o empreendimento trará para a região. A Cepemar apresentou os resultados dos estudos e propostas para minimizar os impactos que a obra causará.

Durante os debates, foram levantadas, sobretudo por ONGs, questões como um possível fluxo migratório para os municípios amazonenses que serão atingidos pelo gasoduto: Coari, Lábrea e Canutama. Representantes de entidades como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), também pediram estudos mais aprofundados sobre outras alternativas tecnológicas ao gasoduto.

Luciano Alvarenga, da Cepemar, explicou que essa solicitação já está contemplada no estudo desenvolvido pela empresa, que possui relato sobre outras formas de transporte do gás natural de Urucu para Porto Velho. "E os estudos concluíram que a construção do gasoduto é, sem dúvida, a forma mais adequada e segura de transporte", comentou.

Sobre a utilização de barcaças - uma das saídas tecnológicas abordadas no estudo - técnicos da Cepemar afirmaram desconhecer qualquer experiência com esse tipo de veículo para transporte de gás comprimido. De acordo com os técnicos, existe utilização de embarcações para transporte de gás natural liquefeito, "mas isso só se justifica no caso de navios petroleiros, não para estruturas como barcaças", disse Alvarenga.

A Cepemar também descartou a possibilidade de que a construção do gasoduto ocasione processos migratórios nos municípios afetados. Para isso, devem ser tomadas medidas como a centralização das contratações de mão-de-obra e desenvolvimento de campanhas de esclarecimento enfatizando o caráter temporário dos empregos que serão gerados.

Também foram anunciados programas "compensatórios" de apoio às comunidades atingidas pela obra, como o incentivo ao aproveitamento de ervas medicinais, formação e reciclagem de agentes de saúde e capacitação de professores, entre outros.

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