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Viva o Rio Madeira Vivo: Segundo dia começa com discussão sobre conflitos no campo e integração sul-americana por meio de hidrovia

Amazonia.org.br
Autor: Maurício Araújo
05 de Mai de 2006

O lançamento do livro 'Conflitos no Campo 2005' iniciou o segundo dia do evento "Viva o Rio Madeira Vivo", no auditório do Sest/Senat em Porto Velho. O arcebispo de Rondônia Dom Moacir Grechi abriu o evento afirmando que a questão do conflito da terra e conseqüentemente o aumento da violência no campo, tem origem na concentração de renda, na existência dos latifúndios e suas relações com o agronegócio.

Segundo o livro "Conflitos no Campo 2005", houve um aumento no número de mortes relacionadas a conflitos agrários no país no ano passado. Após o discurso de Dom Moacir, o coordenador da Comissão Pastoral da Terra em Rondônia, João Damásio Vieira, fez rapidamente uma exposição sobre a "preocupante situação agrária de Rondônia".

No painel 'O mega-projeto Rio Madeira como peça-chave da IIRSA (Iniciativa para integração da infra-estrutura regional Sul-americana), o biólogo Alcides Faria expôs algumas de suas preocupações. "A Iirsa tem que ser modificada. A integração tem que ser muito além da infra-estrutura. É necessária uma integração real que favoreça o desenvolvimento local, que seja a favor também dos ribeirinhos". Faria, pesquisador da ONG Ecologia em Ação, propõe que seja feita uma avaliação ambiental estratégica minuciosa, com especial atenção ao Pantanal e à Amazônia. "O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério do Planejamento já sinalizaram em assumir estecompromisso", disse o biólogo.

Roberto Smeraldi, diretor de Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, encerrou o painel afirmando que documentos oficiais do Ministério do Planejamento definem como "função estratégica" do projeto a de consolidar uma via de integração internacional fluvial afetando a logística de transporte e o desenvolvimento sócio-econômico das regiões de Madre de Dios (Peru), Rondônia (Brasil), Pando e Beni (Bolívia). Em seguida, o ambientalista demonstrou que todo o investimento em navegação representa menos de 1% do valor total estimado, menos de U$S 100 milhões de um montante de 10 bilhões e 476 milhões de dólares.

"É preciso discutir o projeto como um todo, ou seja, se queremos um pacote de transporte e energia visando a ocupação da região - com 80mil km2 destinados a produção de grãos - ou, em alternativa, um projeto de desenvolvimento baseado no uso da floresta. Não é possível discutir as usinas separadamente do resto, temos de decidir o uso do território", declarou Smeraldi.

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