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Utopia de uma metrópole plena

CB, Cidades, p. 32
14 de Mar de 2012

Utopia de uma metrópole plena
Movimento Nossa Brasília convida moradores a participar de mudanças da cidade para que ela se torne uma capital mais justa e sustentável

THAÍS PARANHOS

Imagine se cada cidadão tivesse o poder de transformar a cidade onde vive. Melhorar a qualidade de vida, tornar a região mais sustentável, garantir o acesso de cada um aos direitos básicos e promover uma convivência mais harmoniosa entre todos. Para um grupo de pessoas do Distrito Federal, isso é possível. Após meses de discussão, eles lançam amanhã o movimento Nossa Brasília, com o objetivo de incentivar os moradores do DF a se tornarem protagonistas dessa mudança. A ideia buscou inspiração em outros lugares do país que fazem parte da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis.

Com a ação, os organizadores pretendem levar para a realidade brasiliense a ideia de política comunitária, ou seja, onde todos são responsáveis pela cidade. "É um jeito diferente de fazer política, com a contribuição de todos. É uma ação cotidiana. Toda vez que nos reunimos e paramos para repensar alguma coisa estamos fazendo política", acredita a educadora ambiental Carolina Ramalhete, 29 anos. Para este ano, foram definidas algumas atividades a serem desenvolvidas pelo grupo, como a criação de um comitê do DF para participar da Rio+20. "A população precisa ter voz e isso significa um resgate da esperança de que as coisas podem mudar", completou.

Integrante do Nossa Brasília, o designer gráfico Wagner Soares, 48 anos, acredita que é preciso resgatar o envolvimento entre o morador e a cidade. "Quando as pessoas dizem que não aguentam mais, devem propor algo diferente, trazer a responsabilidade da mudança para si", opinou. Para ele, o cidadão ainda espera que o Estado resolva todos os problemas, mas é o momento de cada um lutar pelo que acredita e propor melhorias. "Há o descontentamento, mas muitos não sabem qual caminho seguir. Canalizamos essas ideias porque cada um tem que reaprender a se ver na sociedade, estabelecer uma conexão com a cidade", avaliou.

Qualquer pessoa pode participar do movimento. Basta ter disposição e vontade de mudar a rua, o bairro e a cidade onde vive. Desde meados de 2011, os organizadores se reúnem para discutir quais os temas serão abordados. "Toda intervenção é bem-vinda. Vamos discutir sustentabilidade, mobilidade urbana, acesso à Justiça, entre outros temas", detalhou.
Entidades como o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o Instituto SocioAmbiental e o Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS-UnB), entre outros, fazem parte do movimento. Depois de estudar as propostas, o grupo pretende propor políticas públicas, além de acompanhar as atividades dos dirigentes da capital do país.

Reunião anual A Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis surgiu em 2008, em Belo Horizonte, e é filiada à Rede Latino Americana por Ciudades Justas y Sostenibles. No Brasil, 37 organizações sociais participam do movimento com o objetivo de envolver a sociedade para garantir um desenvolvimento sustentável.
Cada entidade tem como missão fiscalizar a política e os orçamentos públicos por meio de pesquisas e indicadores. Anualmente, todos os membros da rede devem se encontrar pelo menos uma vez para apresentar o andamento do trabalho.

Segundo Wagner, não há uma liderança dentro do movimento e todas as decisões são tomadas por consenso. "Trata-se de uma organização coletiva, nas nossas reuniões sentamos em círculo, todo mundo tem voz", disse. Ele afirma também que a organização não tem partido político ou religião. A ideia em Brasília surgiu no ano passado e, aos poucos, foi ganhando adeptos e contribuições. "Brasília tem que entrar nesse movimento. E temos que nos perguntar se queremos continuar vivendo numa cidade que não se preocupa com a mobilidade urbana ou com a questão ambiental", opinou.

Meio ambiente A Rio+20 marcará os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Ela deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O evento será realizado de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.

Agenda Lançamento do Movimento Nossa Brasília Data: 15/3, a partir das 18h30 Local: Auditório do Centro de Excelência em Turismo (CET) da Universidade de Brasília (UnB), Câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte Informações: 3212-0204

Brasil na ONG Belém (PA) - Movimento Nossa Belém Belo Horizonte (MG) - Movimento Nossa BH Betim (MG) - Movimento Nossa Betim Brasília (DF) - Movimento Nossa Brasília Campinas (SP) - Movimento Nossa Campinas Campo Grande (MS) - Movimento Nossa Campo Grande Campos dos Goytacazes (RJ) - Movimento Nossa Campos Curitiba (PR) - Centro de Ação Voluntária - A cidade é nossa Florianópolis (SC) - Instituto Comunitário Fortaleza (CE) - sem entidade Goiânia (GO) - Fundação Pró-Cerrado - IDTECH Holambra (SP)- sem entidade Ilhabela (SP) - Movimento Nossa Ilha Mais Bela Ilhéus (BA) - Movimento Ação Ilhéus Itaboraí (RJ) - Movimento Nossa Itaboraí Itatiaia (RJ) - Movimento Inovatatiaia Januária (MG) - ASAJAN João Pessoa e Cabedelo (PB) - Instituto Soma Brasil Joinville (SC) - Diagnóstico Social da Criança e Adolescente Maranguape (CE) - sem entidade Maringá (PR) - Observatório Social Mateus Leme (MG) - Associação de Participação Popular de Mateus Leme Mogi Mirim (SP) - Mogianos de Coração Niterói (RJ) - Movimento Niterói Como Vamos Olinda (PE) - Bagulhadores do Mió Peruíbe (SP)- sem entidade Petrópolis (RJ) - Movimento Nossa Petrópolis Recife (PE) - Observatório do Recife Ribeirão Bonito (SP) - Amarribo Rio de Janeiro (RJ) - Rio Como Vamos Salvador (BA) - Movimento Nossa Salvador Santos (SP) - Nossa Santos Sempre Ética São Luis (MA) - Observatório Social de São Luis São Paulo (SP) - Movimento Nossa São Paulo Teresópolis (RJ) - Movimento Nossa Teresópolis Tibau do Sul (RN) - Amapipa Vitória (ES) - Movimento Nossa Vitória.

Correio Braziliense, 14/03/2012, Cidades, p. 32

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