FSP, Mercado, p. B7
29 de Set de 2010
Usina vai gerar energia do esgoto em BH
Mineira Copasa quer queimar biogás do tratamento de resíduos para produzir 90% da eletricidade que utiliza
Economia prevista é de R$ 2,7 milhões por ano; valor da licitação que inclui o projeto e outras ações é de R$ 65 milhões
Felipe Luchete
De São Paulo
A maior estação de tratamento de Belo Horizonte, responsável por 60% do abastecimento da capital mineira, usará biogás produzido do esgoto para gerar energia elétrica.
A Copasa, companhia de saneamento que administra outras estações na cidade, prevê implantar o sistema em outubro. Espera-se suprir 90% do consumo de energia da ETE (estação de tratamento de esgoto) Arrudas.
O superintendente de gestão de energia Marcelo Monachesi Gaio estima que a produção permitirá a economia de R$ 2,7 milhões ao ano no gasto de energia.
Calcula ainda que a emissão de gás carbônico (CO2) deve cair 3.200 toneladas por ano. Com isso, a empresa espera obter aval da ONU para vender créditos de carbono.
O tratamento de esgoto já libera biogás, com lodo. O biogás é composto principalmente por metano (CH4) e CO2. Liberado na atmosfera, o metano é altamente poluente. Por isso, é queimado para virar CO2.
O novo projeto pretende aproveitar essa queima e impedir a emissão de CO2 no ar.
Depois de produzido, o biogás será purificado e enviado a microturbinas. A queima acionará um gerador e produzirá energia elétrica.
A sobra sairá neutralizada, com "baixíssima" emissão de compostos poluidores, avalia a empresa. A iniciativa faz parte de uma licitação de R$ 65 milhões, que inclui manutenção e outros projetos, como reduzir o odor no tratamento de esgoto.
No Brasil, existem projetos semelhantes ao da Copasa. Em Barueri (SP), o Centro Nacional de Referência em Biomassa desenvolveu um deles até 2005. Apesar de ter reduzido em 20% o consumo de eletricidade, a tecnologia foi considerada cara.
A Sabesp (empresa de saneamento de São Paulo) espera lançar até o fim do ano um edital para essa estação.
No Paraná, a Sanepar produz eletricidade a partir do esgoto em Foz do Iguaçu, desde 2006, e vende para a empresa regional de energia elétrica. A diferença é que usa um motor a combustão, não microturbinas.
FSP, 29/09/2010, Mercado, p. B7
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