Uru-Eu-Wau-Wau dão ultimato à Funai

Indígenas Uru-Eu-Wau-Wau deram ontem um ultimato à direção da Funai em Porto Velho para a retirada de grileiros que invadiram, há um mês, a reserva onde vivem, próxima ao município de Montenegro: se as 600 pessoas que ocupam irregularmente a região não forem despejadas da área até o final da próxima semana, eles prometem agir por conta própria. "A Floresta está sendo destruída. Não vamos ficar parados. Se não formos atendidos, vamos entrar em confronto", avisou um dos integrantes da comissão, cacique Puruá Uru-Eu-Wau-Wau.

O grupo de indígenas se reuniu com representantes da Funai, Ibama e Incra para reiterar os pedidos de urgência na resolução da questão. A determinação dos índios de promover o despejo por conta própria, caso as autoridades não tomem providências, foi lavrada em ata que seguirá para Brasília. Durante a reunião, a Funai se comprometeu em atender as exigência dos indígenas, mantendo o entendimento selado com o grupo na última quarta-feira, quando os Uru-Eu-Wau-Wau foram recebidos no Ministério Público Federal. Na ocasião, receberam garantias do procurador Ricardo Martins Baptista, da Polícia Federal e da própria Funai de que os invasores serão retirados do local em breve.

O maior temor dos indígenas, de acordo com a antropóloga Luciana Barroso Costa, que a acompanha o grupo, é de que o caso se estenda como a invasão ocorrida na região do Burareiro, localizada na mesma reserva. "A invasão do Burareiro se arrasta por mais de 20 anos. A Justiça já determinou que a Funai cumpra a ação de reintegração de posse em favor dos índios, mas até hoje isso não aconteceu", afirmou.

Puruá Uru-Eu-Wau-Wau e o restante do grupo de indígenas ficam em Porto Velho até hoje, depois seguem para a reserva de onde devem aguardar a equipe envida pela Funai, PF e Ibama. "Esperaremos só até semana que vem", reiterou.