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"Tributo aos Povos Indígenas", a força de uma raça

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: TÂNIA NARA MELO
27 de Abr de 2003

A exposição do fotógrafo José Luiz Medeiros, que reúne 20 fotos em tamanho 1,20m x 2,00m, e revela um pouco dos rituais e do dia-a-dia dos índios Ikpeng, abre hoje no Museu do Rio. Em outubro ela segue para Portugal e Alemanha

A integração com a natureza e a beleza dos costumes dos povos indígenas, principalmente nas datas festivas, estão presentes na mostra "Tributo aos Povos Indígenas", do fotógrafo José Luiz Medeiros, que o público pode conferir a partir de hoje no espaço do Museu do Rio, das 8h às 22h. São 20 fotos, todas medindo 1,20m x 2,00m, feitas há sete anos, durante visita a aldeia Moigu, dos índios Ikpeng, no Parque Nacional do Xingu.

As fotos mostram o dia-a-dia na aldeia e também o ritual da festa Pomeri-Iwakotawa, a Iniciação dos Adolescentes. Os Ikpeng foram para a região dos formadores do Xingu no início do século XX, quando viviam em estado de guerra com seus vizinhos alto-xinguanos. O contato com os brancos foi mais recente, no início da década de 60, e teve conseqüências desastrosas para sua população, que foi reduzida em menos da metade em razão de doenças e morte por armas de fogo. A partir daí, foram então transferidos para os limites do Parque Indígena do Xingu e "pacificados". Hoje em dia mantém relações de aliança com as demais aldeias do Parque, mas constituem uma sociedade bastante peculiar. Já não guerreiam mais, contudo ainda mantém no cerne de sua visão de mundo a guerra como motor não apenas da morte, mas de substituição dos mortos pela incorporação do inimigo no seio do grupo, sendo assim também reprodutora da vida social.

Esta é a segunda mostra individual do fotógrafo José Luiz Medeiros. Natural de Campo Grande, começou cedo na profissão. Aos 30 anos, há 15 ele está na estrada em busca dos melhores ângulos e das melhores cenas para fotografar. Antes de se aventurar pelas aldeias indígenas, trabalhou por quatro anos em um laboratório fotográfico em sua cidade natal. O interesse pelos índios, lembra, surgiu depois de ver uma exposição que mostrava trabalhos com este tema, e cresceu ainda mais depois de vários trabalhos realizados como repórter fotográfico junto aos índios Terena.

Há dez anos veio para Mato Grosso, e há seis integra a equipe do Diário, tendo nesse período feito vários trabalhos em áreas indígenas, e que acabaram por lhe render não só experiência, mas principalmente conhecimento da cultura, dos costumes e das tradições dos moradores do Parque Nacional do Xingu. Atualmente, seu trabalho é apontado como referência quando o assunto em questão está ligado aos índios.

A mostra "Tributo aos Povos Indígenas", que tem o apoio da lei municipal de Incentivo à Cultura, vai percorrer outros espaços em Cuiabá antes de atravessar o Atlântico e aportar na Alemanha e em Portugal. Depois de ficar por uma semana no Museu do Rio, ela segue para a Unic onde poderá ser vista de 5 a 10 de maio; e logo depois segue para Chapada dos Guimarães. Lá, os trabalhos vão estar à disposição do público na Galeria Maria Anffi, a partir de 11 de maio.

E em outubro José Luiz Medeiros vai expor na Europa, primeiro em Portugal, depois na Alemanha. Na Europa, além dos painéis em tamanho 1,20m x 2,00m, ele também vai mostrar 40 fotos menores, medindo 30cm x 45cm. Antes, porém, ele leva a mostra para o festival de Inverno de Bonito, em Mato Grosso do Sul.

SERVIÇO:

O QUE: Mostra "Tributo aos Povos Indígenas"

ONDE: Museu do Rio

QUANDO: A partir de hoje, das 8h às 22h

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