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Todo dia será dia de índio

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Ricardo Faria
21 de Mar de 2002

Começa na próxima sexta-feira a maior mostra já realizada no Rio sobre a cultura indígena

Os Wajãpi vieram do Amapá para montar peças que reproduzem seu cotidiano na floresta, como a casa jurá

O índio é pop. O índio é fashion. O índio é do bem. Vai dar de tudo na tentativa de adjetivar o símbolo da Campanha da Fraternidade 2002 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Oficialmente, o calendário indica 19 de abril como o Dia do Índio, mas o Rio saiu na frente nas comemorações.
Ontem, após oito horas de vôo desde o Amapá, uma comitiva de índios da tribo Wajãpi, formada por dez homens, cinco mulheres e duas crianças de colo, desembarcou no Aeroporto Santos Dumont. Para não ser alvo de atenções, trocaram os trajes sumários por jeans, camiseta e tênis. E para não ser alvo do Aedes aegypti, apesar de mais vestidos do que de costume, foram protegidos com repelente logo na chegada. Eles vieram ao Rio mostrar a cultura de seu povo. Dia 23, apresentam-se, com sua orquestra de flautas na maior exposição já montada pelo Museu do Índio. Os portões serão abertos no dia anterior, quando será inaugurada a mostra, que conta com acervo de mais de 300 peças confeccionadas e selecionadas pelos próprios artesãos.

A intenção da antropóloga belga Dominique Tilkin Gallois, curadora da exposição, é usar efeitos especiais para conduzir os visitantes numa inusitada viagem pelo mundo dos Wajãpi. Mais de 30 profissionais colaboraram na montagem dos cenários em dez salas do museu. Na sala Olhar de Xamã, as pessoas vão incorporar a figura do pajé e conhecer seu animal interior. No jardim, quatro índios que estiveram antes no Rio montaram uma autêntica jurá, sua moradia na floresta, com cinco metros e meio de altura por cinco de largura e nove de comprimento. No Amapá, fronteira com a Guiana Francesa, eles são 550, espalhados por 40 aldeias numa área de 600 mil hectares.

Professora da USP, Dominique é a idealizadora e produtora da exposição, batizada Tempo e Espaço na Amazônia: os Wajãpi. Desde 1980, passa seis meses por ano no Amapá, entre os Wajãpi, comunicando-se no idioma deles, um dialeto da lingua tupi-guarani.

''Teremos vídeos mostrando as festas do milho, da onça, do papa-mel e uma orquestra de flautas turé.'', explica Dominique, que vai ciceronear os Wajãpi até dia 25, quando retornam ao Amapá. A exposição, porém, continua aberta ao público até março de 2003. Até lá, todo dia será dia de índio.

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