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Adolescente é encontrado morto em área indígena de Clevelândia

Diário do Sudoeste (PR) - http://www.diariodosudoeste.com.br
Autor: Marcilei Cristina Rossi
27 de Dez de 2014

O adolescente da etnia Kaingang Evanir Veri, 16 anos, foi encontrado morto na área da reserva indígena Alto Pinhal [área urbana], em Clevelândia, na manhã da quinta-feira (25).
Veri foi encontrado com cortes no rosto e pescoço em meio à vegetação. Segundo familiares, ele saiu de casa na véspera do Natal e portava um aparelho celular, que não foi encontrado.
O delegado plantonista Alexandre Meurer afirmou na tarde da sexta-feira (26) que o inquérito policial já foi instaurado para apurar as causas do homicídio.
Segundo ele, o trabalho se concentra na identificação do autor. Ele também disse que a arma utilizada no crime, supostamente um facão, somente será precisada ao final da investigação.

Comunidade indígena
Segundo o cacique da aldeia Alto Pinhal, Miguel Aguiar, Veri se transferiu para a comunidade indígena de Clevelândia juntamente com aproximadamente 20 familiares, que residiam em Palmas, há cerca de 15 dias.
Aguiar comentou também que desde que a família se estabeleceu na Alto Pinhal as regras da comunidade foram apresentadas, o que se repetiu por mais duas oportunidades em um curto período de tempo. No entanto, o cacique nega que tenha havido conflito entre indígenas. "Não houve nada dentro da reserva, principalmente envolvendo indígenas, porém não tenho como afirmar o mesmo de situações fora da reserva", disse. "Não vamos ficar seguindo todos os indígenas que saem da aldeia".
Segundo o Cacique, Veri tinha um comportamento inapropriado para a realidade da comunidade. Entre as regras da aldeia, todos devem cumprir com horários de retorno à reserva. "Os indígenas que já moram aqui seguem a determinação de sair da aldeia para compras e para o trabalho e também de retornar para suas casas até 22h".
Problemas comportamentais já foram o motivo da saída da família da aldeia de Palmas, e isso também deve tirá-los da reserva de Clevelândia. "Passado esse período de sentimento, eles [familiares] não mais permanecerão aqui", disse o Cacique. Os familiares serão informados da decisão após o período de luto.

Impacto na comunidade
Enfatizando novamente que o homicídio não ocorreu na área da reserva Alto Pinhal, Aguiar disse que "quem cometeu esse crime trouxe o corpo para dentro da aldeia".
O cacique ainda relatou que as cerca de 40 famílias indígenas que vivem na aldeia, além de ficarem chocados com o assassinato, se demonstraram bastante preocupados. "A aceitação de não indígenas dentro da aldeia cada vez fica mais difícil", disse Aguiar, revelando um distanciamento entre povos indígenas e não indígenas.
Membro do Conselho de Caciques das Regiões Sul e Sudeste, Aguiar também desmonstrou preocupação com relação à apuração da morte de Veri. Ele pediu maior participação do Ministério Público (MP) em situações como a vivida em Clevelândia. "O que temos observado é a atuação do Ministério Público em conflitos indígenas. O que queremos é que, quando ocorrem tragédias como essa, o Ministério Público também se envolva".

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