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A Terra agradece

O Globo, Opinião, p. 6
21 de Mai de 2009

A Terra agradece

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama cumpre uma de suas mais esperadas promessas de campanha e estabelece rigorosos limites de emissão dos gases do efeito estufa para carros, utilitários e caminhões leves. No Japão, pela primeira vez na história da indústria automobilística, um automóvel híbrido foi o mais vendido no mês de abril.
Embora as duas informações sejam auspiciosas para o meio ambiente, a primeira tem um impacto colossal. Basta levar em conta o tamanho da frota americana: mais de 250 milhões de veículos para 300 milhões de pessoas - uma gigantesca fonte de poluição. (Para comparar: a brasileira é de 28 milhões para 190 milhões de habitantes). Ao adotar os novos parâmetros, Obama mais uma vez derreteu posições férreas do governo anterior, que nunca aceitou os pedidos do governador da Califórnia, para que autorizasse a adoção no estado de limites mais rigorosos para as emissões de CO2 pelos veículos (outros 13 estados estavam dispostos a adotar os padrões da Califórnia). Bush não baixava normas nacionais nem deixava que a Califórnia e os 13 estados o fizessem. Deve ser levado em conta que a situação da indústria automobilística americana de certa forma favoreceu a decisão de Obama. O maior fabricante (General Motors) e o terceiro (Chrysler) dependem do governo americano para sobreviver. E sua única saída será produzir mais e mais veículos híbridos, com tecnologia de ponta, num salto de qualidade para o futuro que a ordem executiva baixada por Obama estimula.
As regras começam a valer a partir de 2012 e vão se tornando mais rígidas até 2016, quando a frota de carros e caminhões dos EUA deverá ser 40% menos poluente que a atual. Isto é obtido exigindo mais economia de combustível. Hoje, o consumo estabelecido para os veículos americanos é de 9km/l (média entre os mais econômicos e os mais gastadores). Em 2016, a média subirá para 12,6km/l. Obama já comprometera os EUA com a ambiciosa redução das emissões globais de CO2 em 80% até 2050. São medidas que deveriam animar outros grandes poluidores a agir. A China, por exemplo, pode reduzir as emissões de usinas a carvão. E o Brasil, combater as queimadas na Amazônia. Todos precisam fazer algo.

O Globo, 21/05/2009, Opinião, p. 6

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