VOLTAR

Suspeito de biopirataria é preso em Brasília

O Globo, O País, p. 10
27 de Set de 2004

Suspeito de biopirataria é preso em Brasília

Rodrigo Rangel

Após três semanas de investigação, a Polícia Federal prendeu na noite de sábado em Brasília um alemão acusado de roubar aranhas silvestres no Brasil para utilizá-las em pesquisas científicas. No país desde 4 de setembro, o cientista Carsten Hermann Richard Roloff, 58 anos, passou por três estados. O alemão, que mora na Suíça, teve que ser solto horas depois já que a legislação brasileira não prevê o crime de biopirataria.
Roloff recebeu voz de prisão na noite de sábado, no aeroporto de Brasília, de onde embarcaria para um novo destino: o Rio Grande do Sul. Na sua bagagem havia mais de 500 ovos de aranha. Ele começou a ser investigado pela PF após passar uma semana em Rochedo, no Mato Grosso do Sul. O comportamento do alemão e o farto material para pesquisa biológica que carregava - como pinças, lupas e vasilhames - chamaram a atenção dos agentes.
Desde então, seus passos passaram a ser acompanhados permanentemente. Do Mato Grosso do Sul, ele seguiu para Pernambuco. Em Caruaru, passou uma semana. O destino seguinte foi Pirenópolis, interior de Goiás.
A parte goiana da viagem do alemão foi a que mais serviu à investigação da PF. De posse de uma autorização judicial, os policiais instalaram uma câmera no quarto da pousada onde Roloff estava hospedado. Daí foi um passo para obter provas mais contundentes. As imagens mostram o alemão organizando o saldo de suas incursões pelo mato: centenas de aranhas, que eram guardadas em potes e até em garrafas descartáveis de água mineral.
Como no Brasil não há lei que tipifique a biopirataria, o alemão teve de ser enquadrado por tráfico de animais, crime insuficiente para mantê-lo na cadeia. Roloff foi liberado na madrugada de domingo.
Para a PF, o caso configura a primeira ocorrência integralmente comprovada de biopirataria no país.
- Certamente há mais 200 biopiratas como ele agindo agora no Brasil. Precisamos de um mecanismo eficiente para combater esse tipo de crime - disse Jorge Pontes, chefe da Divisão de Meio Ambiente da PF.

O Globo, 27/09/2004, O País, p. 10

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.