VOLTAR

Subprefeitura da Sé desocupa Biblioteca Indígena

Cátedra Unesco José Reis de Divulgação Científica ECA/USP
Autor: Emília Calábria
26 de Fev de 2008

Nos últimos quatro o anos, o geógrafo e professor Aziz Ab Saber acompanha um projeto de formação de bibliotecas comunitárias no estado de São Paulo. Qual não foi sua surpresa quando na última segunda-feira (11) foi surpreendido com a notícia de que uma das 45 bibliotecas tinha sido removida pela subprefeitura.

A biblioteca indígena, instalada na praça Monteiro Lobato, no centro da cidade, ainda estava em fase de organização, já continha oito mil títulos recebidos por doações e reunia garis e índios para discussão de políticas públicas, contando inclusive com a participação e orientação de professores aposentados e alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). No acervo encontravam-se mapas, fotografias dos povos indígenas, livros de história, geografia e literatura brasileira. O projeto é encabeçado pela ONG Educa São Paulo, criada e presidida por Devanir Amâncio e conta com o apoio do prof. AbSaber.

Segundo a matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, a subprefeitura informou que o motivo da operação foi o fato de a biblioteca ocupar uma praça pública sem nenhum acordo ou convênio com a Prefeitura. Já os livros poderão ser retirados por Amâncio, que por sua vez afirma que nenhum dos responsáveis pela biblioteca foi previamente avisado sobre a desocupação. Antes de ser ocupada pela biblioteca, a praça, localizada ao lado do Conservatório Dramático e Musical, era conhecida como "lixão" e era usada como transbordo de lixo irregular.

"Na verdade a praça é o Recanto Infantil Monteiro Lobato, criado em 1972 para ser o melhor parque infantil do centro de São Paulo", diz Amâncio. Posteriormente, o espaço foi cedido à Concessionária de Serviço Público Loga Logística Ambiental (antiga Vega) e usada como depósito de lixo. A empresa desocupou a praça em março de 2007 a pedido do Ministério Público, após processo de ação de despejo movido pela Educa São Paulo. Em abril do mesmo ano, a ONG iniciou o projeto da biblioteca, aproveitando o mês do índio.

Durante a conferência de abertura do curso de especialização do Núcleo José Reis, o professor AbSaber fez um desabafo e informou que já tinha entrado em contato com o prefeito Gilberto Kassab, mas nenhuma providência havia sido tomada. Para Amâncio, a ação foi "mais uma covardia do Dr. Andréas Matarazzo, caracterizando-se como vandalismo contra a cultura". Além do acervo, foram levados também remédios, roupas, brinquedos, utensílio de cozinha e fogão. A ONG pretende denunciar a Subprefeitura à Comunidade Internacional.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.