GM, Gazeta do Brasil, p.B13
11 de Out de 2005
Sobral busca qualidade na agricultura com Biodiesel
Esforço de várias entidades buscará mudar o perfil da produção familiar no município.
O programa de incentivo ao plantio de mamona para a produção de biodiesel, conduzido pela prefeitura de Sobral, município a 230 quilômetros de Fortaleza, pretende mudar o perfil da agricultura familiar na região norte do Ceará. A implementação da proposta vai envolver os governos federal - via ministérios da Integração Nacional e da Agricultura, os bancos do Brasil e do Nordeste do Brasil, Embrapa e Universidade Federal do Ceará, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce-CE), Centro Federal de Educação Tecnológica no Estado (Cefet) e 12 prefeituras da região.
A Universidade Vale do Acaraú (Uva) e o Instituto Atlântico também serão parceiros na concepção e execução do projeto, com início previsto para 2006. "Vamos oferecer mecanismos de implantação do projeto, recursos, por meio de financiamento, novas tecnologias e os meios de comercialização", adianta o prefeito Leônidas Cristino (PSB), disposto a transformar Sobral no maior pólo produtor de biodiesel do Nordeste. Os planos contemplam a construção de uma usina de beneficiamento, com capacidade inicial de produção de 2 mil litros/dia, mas que poderá avançar para até 10 mil litros/dia, a partir do engajamento dos produtores da região e do crescimento da demanda do combustível natural.
Municípios vizinhos
A mamona para beneficiamento viria também dos municípios da região. "A Petrobras vai garantir a compra de todo o nosso produto", afirma o prefeito do município. Como atividade subsidiada pelo governo federal - isenta de pagamentos de tributos -, o produto teria um custo 10% mais barato e condições de chegar ao mercado a preços mais competitivos, acredita o prefeito.
O investimento inicial na usina ficaria em torno de R$ 600 mil. A expectativa do prefeito é reunir em torno do projeto cerca de três mil pequenos produtores e agricultores familiares. "A introdução de novas tecnologias permite agora acompanhar desde a concepção da semente, passando pelo plantio, até o processo de beneficiamento", justifica, ao considerar o projeto importante para inclusão social.
O cultivo da mamona que rende 700 quilos por hectare/ano, em média, ganha reforço de estudos da Embrapa Algodão, de Campina Grande, na Paraíba. A empresa desenvolveu sementes em condições de garantir até dois mil quilos por hectares/ano, permitindo maior competitividade, segundo o prefeito. Cristino pretende realizar convênio com a Embrapa para trazer técnicos da Paraíba. A área de 40 hectares para a experiência de cultivo - nas imediações do Jaibaras, rio perene - já foi reservada.
A prefeitura também está desenvolvendo um trabalho de conscientização para estimular os agricultores a plantar mamona, além de buscar recursos junto BNB e BB, já autorizados pelo governo federal a financiar a produção. "Estamos tratando ainda junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recursos para financiar os equipamentos, fabricados no Ceará", observa Cristino.
O plantio da mamona no Estado iniciou há cerca de três décadas, mas sem estímulo de parte do governo e falta de pesquisas sobre o aproveitamento, os produtores acabaram substituindo as áreas por outras culturas.
Mercado promissor
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu iniciar em 1o de janeiro de 2006 o prazo para atendimento da adição no diesel de 2% de biodiesel, antes previsto para o dia 13 do mesmo mês . O prazo vai até 13 de janeiro de 2008, quando a adição se torna obrigatória. De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a medida leva em conta "a necessidade de induzir investimentos na área, de forma imediata".
A investida busca o aumento da aumento da produção e a oferta nacional de biodiesel, viabilizando em todo o País a adoção do percentual mínimo obrigatório de 2% de adição deste biocombustível ao óleo diesel. De acordo com o MCT, as aquisições serão feitas por intermédio de leilões públicos. Em 2013, o volume de biodiesel no diesel deverá subir de 2% para 5%, segundo dados divulgados pela a Agência de Informação do Meio Ambiente no boletim.
kicker: Planos contemplam a construção de uma usina de com capacidade inicial de produção de 2 mil litros/diários
GM, 11-12/10/2005, p. B13
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