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Sítios arqueológicos: tesouro abandonado

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/
Autor: Elaíze Farias
23 de Nov de 2010

O patrimônio arqueológico é uma das principais riquezas do Amazonas. Mas sem proteção e ordenamento urbano, muitos sítios tendem a desaparecer.

Em Manaus e nos municípios de seu entorno, especialmente os que fazem parte da região metropolitana, essa riqueza é notória. Apesar de ignorada, também vem se transformando em alvo da falta de planejamento do poder público.

"O Estado ou o Município, às vezes nem por má-fé, acabam sendo um grande agente destruidor de sítios arqueológicos. É como se fosse um tesouro abandonado", observa Eduardo Góes Neves, presidente da Sociedade Brasileira de Arqueologia e professor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).

A complicada relação de Manaus "com o seu passado" é outra questão que precisa ser melhor observada, segundo Neves. Para ele, a capital valoriza apenas a época da borracha e dá as costas para sua herança indígena.

"O patrimônio de Manaus não é só o Teatro Amazonas, que é maravilhoso. Nem apenas o mercado. Mas existe uma tradição milenar indígena encontrada nos sítios arqueológicos que precisa ser conhecida também", alertou o arqueólogo, que chegou segunda-feira (22) a Manaus e nesta terça-feira (23) segue para São Gabriel da Cachoeira, para articular com indígenas um novo projeto em pesquisas no município.

No retorno, ele espera ainda ter tempo de observar as gravuras rupestres descobertas no final de outubro, na área das lajes, no bairro Colônia Antonio Aleixo. Até agora, Neves viu as "carinhas" apenas por fotografia.

Para Neves, mais do que identificar a idade das gravuras, o importante é adicionar essa descoberta ao patrimônio da cidade, hoje já bastante depredado. "Um dos critérios para que a área do encontro das águas fosse tombada foi o fato de haver sítios arqueológicos no local. O encontro é a síntese do patrimônio natural que é cultural também", comentou.

Em sua avaliação, é preciso que a sociedade e o poder público "parem de pensar o patrimônio arqueológico como obstáculos ao desenvolvimento".

"O Estado tem um patrimônio riquíssimo, mas não o valoriza como deveria. Não sou contra o desenvolvimento, mas existem contextos que necessitam da intervenção sobre um sítio. É preciso discutir para evitar acidentes ou catástrofes urbanas", afirmou.

"No Amazonas e em Manaus, o turismo ecológico poderia ser uma atividade econômica importante. Isso poderia acontecer no sítio das proximidades do encontro o das águas", disse.

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