OESP, Metrópole, p. C10
16 de Fev de 2005
Serra quer cobrar taxa de aviões que poluem o ar de SP
Prefeito estuda mecanismo para receber alguma compensação da Infraero, seja em dinheiro ou em políticas ambientais
O prefeito José Serra disse ontem que pretende cobrar uma taxa do governo federal como compensação pela poluição atmosférica provocada pelos aviões que pousam e decolam do Aeroporto de Congonhas. "A gente pensa que avião não polui, mas polui sim", disse, ao participar do Forum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade, realizado ontem no Horto Florestal.
A compensação pode ser em dinheiro ou em investimentos em políticas ambientais com o objetivo de melhorar a qualidade do ar. "O inverno está próximo e nesse período a poluição atmosférica aumenta, prejudicando a saúde da população", afirmou o prefeito.
Serra não informou se existem estudos que apontam os níveis de poluição provocada pelos aviões. Ele ainda não iniciou entendimentos com a empresa estatal Infraero, responsável pelos aeroportos do País, para discutir como poderá ser feita essa compensação. "Tive contatos com a Infraero, mas ainda não abordei esse assunto." Ele revelou que tinha idéia de transferir parte do movimento do Aeroporto de Congonhas para o Campo de Marte, que seria ampliado. "Desisti, pois poderia causar problemas ao tráfego aéreo em direção ao Aeroporto de Cumbica."
Procurada pela reportagem do Estado, a Infraero informou que não vai se pronunciar sobre o assunto até que seja oficialmente notificada.
Difícil, por enquanto, é saber o quanto de poluição é causado pelos aviões nos arredores do aeroporto. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que faz medições sobre a qualidade do ar na região metropolitana e no interior, não tem nenhum tipo de estudo sobre a poluição atmosférica causada por aviões.
Por meio de sua Assessoria de Imprensa, a empresa informou que há um potencial de poluição nos aviões, causado pela queima de combustível, mas não tem como dizer o quanto isso é prejudicial. No aeroporto de maior movimento da América do Sul, são realizadas diariamente cerca de 600 operações, entre pousos e decolagens.
INSPEÇÃO VEICULAR
Serra também afirmou que adotará um sistema mais rígido de controle de emissão de gases dos veíulos, como forma de reduzir os níveis de poluição da cidade. O prefeito citou dificuldades de adotar ações mais amplas e rigorosas de inspeção veicular, principalmente financeiras, e culpou a gestão da ex-prefeita Marta Suplicy pela falta do serviço. "Isso é um problema antigo que deveria ter sido resolvido na gestão anterior", declarou. No entanto, Serra não informou quando a medida será adotada.
OESP, 16/02/2005, Metrópole, p. C10
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