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Seminário discute futuro da energia na Amazônia

A Tribuna-Rio branco-AC
16 de Out de 2003

O seminário "Potencialidades e Alternativas Energéticas para a Região Amazônica" inicia a discussão estratégica para o desenvolvimento regional, a partir do principal insumo para a instalação de parques industriais, a energia. Na sexta feira, no auditório da Sefaz, representantes da Petrobrás, Eletronorte, Agência Nacional de Águas (ANA), Furnas, Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ministério de Minas e Energia, Ministério do Meio Ambiente, Ibama e Comissão de Energia da Câmara de Deputados discutem o futuro da produção de energia em toda a região amazônica.

Os principais eixos temáticos serão o modelo energético para a região, o gasoduto de Urucu, o impacto da instalação da hidrelétrica do Rio Madeira, a interligação energética dos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso ("Linhão"), os impactos ambientais e o uso dos recursos hídricos como fonte alternativa de energia para as "comunidades isoladas".

A viabilidade técnica do biodiesel também será discutida durante o seminário. O Acre é um dos estados brasileiros que possui uma rara exceção quando o assunto é energia. No Acre, há excedente energético da ordem de aproximadamente 50 MW. Essa é uma das principais seguranças que o setor privado invista em qualquer região. Os técnicos acreanos que participarão do seminário garantem que o estado deve conseguir "excelência" na produção e distribuição de energia. Isso pode ser uma realidade, desde que seja utilizada uma rede energética integrada com o processo de desenvolvimento regional.

O uso de alternativas energéticas é apontado como um dos principais investimentos na área social. O biodiesel, as pequenas hidrelétricas e a energia solar são três possibilidades que já podem render alguns watts em médio prazo. O uso da biomassa como recurso energético foi uma das principais bandeiras levantadas pelo senador Sibá Machado na assinatura do termo de comodato no início de julho com a presença do presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa.

As pequenas hidrelétricas são importantes para as comunidades extrativistas e agrícolas com difícil acesso. A energia hidrelétrica só é possível exploração em grande escala em rios de planalto. Os rios da região acreana são de planície, com pequeno desnível e baixa velocidade, incapaz de movimentar grandes turbinas. A energia hidrelétrica só se torna viável, no Acre, para baixas demandas. A energia solar ganha um reforço a mais no estado. De acordo com o Prodeem (Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios), a experiência acreana "é referência para o Brasil e pode ser apontada como exemplo para ser aplicada em outras regiões do país".

O elogio, de acordo com o subsecretário de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável, Marcos Alexandre, se deve à parceria feita pela Comissão Estadual de Energia composta pela Ufac (Universidade Federal do Acre), Governo do Estado e Eletronorte. Essas três instituições fazem acompanhamento e manutenção em mais de 250 comunidades espalhadas por todo o Acre. A energia solar no estado beneficia diretamente mais de 8 mil alunos, já que todos os pontos de energia solar foram instalados em escolas. "O Tribunal de Contas da União apontou o projeto acreano como o de maior impacto social e um dos melhores, levando-se em conta os aspectos técnicos e de manutenção dadas pela Comissão Estadual", orgulhou-se Alexandre.

Atualmente, só a cidade de Rio Branco consome aproximadamente 12 milhões de litros de óleo diesel para fins energéticos por mês. O óleo diesel, de acordo com Francisco Eulálio ("Professor Magnésio"), um dos maiores especialistas em energia do estado, é caro, mesmo sendo subsidiado pelo Governo Federal. Magnésio é otimista quanto ao uso do Gás de Urucu por ser barato, por estar próximo ao centro consumidor (800 quilômetros de Rio Branco) e por ser um insumo abundante.

Além disso, destaca o professor, o gás natural pode propiciar o surgimento de mais indústrias no Acre. "Com o uso do gás natural como fonte de energia, nós podemos ter todas as cerâmicas utilizando gás ao invés da lenha. Podemos ter também o uso desse recurso energético como combustível para os veículos coletivos", sugeriu. Em relação à energia, Eulálio não quis adiantar quais seriam as "propostas acreanas" para a região. Preferiu deixar as discussões serem "amadurecidas" durante o seminário que acontece sexta-feira.

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