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Sem-teto disputam área da Capital invadida por índios

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Edivaldo Bitencourt
28 de Jun de 2003

Mais famílias estão invadindo a área de 10 hectares ocupada pelos índios
no Jardim Noroeste, na saída para Três Lagoas. Os sem-teto estão
aproveitando que ninguém pediu o despejo das 83 famílias indígenas
desaldeadas, que estão na área desde o dia 19 de maio deste ano. Os
invasores estão fazendo gambiarras para levar água tratada até suas
residências.
Ontem de manhã, cinco famílias sem-teto começaram a roçar o cerrado,
cercar, limpar e delimitar seus terrenos na propriedade de 10 hectares,
cujo proprietário ainda não compareceu. A invasão começou com 20
famílias indígenas e hoje cerca de 100 famílias já estão na área
localizada próxima da BR-262.
Um dos sem-teto que comaram a invadir a área ontem foi o desempregado
Adilson Neto do Amaral, 25 anos, pai de dois filhos. Sem trabalho há
quatro meses, ele e a esposa vivem da cesta básica doada pelo Governo
estadual. Amaral diz que decidiu invadir o local porque a área está
abandonada há 5 anos.
Obter a casa própria também é o sonho da dona de casa Catarina de Lima
Zacarias, 47, mãe de seis filhos e de outros quatro adotivos, que são
órfãos. Ela e o esposo vivem com seis filhos (quatro não moram com o
casal) e mais uma neta. "Vamos aproveitar que estão invadindo tudo",
afirmou Catarina.
Após a invasão planejada pelos índios, os brancos começaram a desmatar e
ocupar os terrenos baldios existentes no Jardim Noroeste. Os índios e
outras famílias, que ocuparam a área no dia 19 de maio, estão cavando
para colocar mangueiras e levar água até os barracos. Alguns já estão
montando até bar na outra área. Ontem de manhã, uma equipe do Programa
Segurança Alimentar esteve na área invadida prometendo levar hoje
cobertores para as 83 famílias cadastradas. Segundo o técnico Júlio
César Assis, parte das famílias já recebia cesta básica quando habitava
as outras aldeias urbanas, como a Marçal de Souza e a Água Bonita.
Segundo uma das líderes da área, Maria de Fátima Alvarenga Ferreira, 41,
o cadastramento da Fundação Nacional do Índio (Funai) só está
verificando quem tem documento indígena e a origem dos invasores.
Nenhuma equipe da prefeitura compareceu no local para falar com as
famílias.
Além de alimentos, os índios querem mais lonas e mangueira para levar
água encanada para todos os assentados na propriedade.
Praticamente todo o cerrado existente na área de 10 hectares foi
desmatado. Todos os lotes, mesmo com barracos de lona, foram cercados
com arame farpado para delimitar cada propriedade. Pelo menos dois
proprietários de terrenos na área compareceram e cercaram seus lotes,
impedindo a invasão, segundo Maria de Fátima.

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