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Autor: Alexandre Rolim
22 de Jun de 2010
Preparados para guerra, centenas de índios Enawenê-Nawê estão acampados em Sapezal e reclamam de impacto causado por PCHs
O clima é quente na cidade de Sapezal. Centenas de índios da etnia Enawenê-Nawê estão acampados no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) e exigem a paralisação da construção de pelo menos cinco Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Rio Juruena.
Na tarde desta terça-feira, 22, o Parecis.NET esteve no local e presenciou uma situação de constrangimento e descontentamento por parte dos indígenas. O clima é tão tenso que dezenas de policiais da Polícia Militar e Força Tática estão no local.
Representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), do Ministério Público Federal (MPF) e um dos proprietários das PCHs tentam negociar com os indígenas.
Representantes dos governos Federal e Estadual
Representantes dos governos Federal e Estadual
Os Enawenê-Nawê reclamam do impacto que as PCHs estão causando na região e exigem um Estudo de Impacto Ambiental Permanente. Um dos líderes da etnia informou que eles estão preocupados com a falta de peixe, principal fonte de alimento destes indígenas.
No final da Piracema os Enawenê-Nawê fazem um ritual que consiste na captura dos peixes que ficam presos em barragens montadas nos igarapés do Rio Juruena. O acontecimento, chamado de Yaõkwá, é o mais longo ritual indígena da Amazônia brasileira. Entretanto, os indígenas reclamam que os peixes não aparecem mais desde 2009.
A PCH em questão está situada há aproximadamente 30 quilômetros das terras dos indígenas, possui licença ambiental, está autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e está em fase de conclusão. Um dos proprietários da Juruena Participações e Investimentos S.A., Frederico Mulller, disse no final da tarde que está disposto a negociar, mas exige tempo para isso.
A Juruena Participações e Investimentos S.A é formada por um grupo de empresários que inclui Armando Salles de Oliveira, irmão do ex-governador Dante de Oliveira, além do empresário Carlos Avalone.
Alexandre Rolim/Especial de Sapezal
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