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Santa Isabel - A hidrelétrica de R$ 2 bilhões

Folha do Tocantins-Palmas-TO
09 de Abr de 2002

A construção da Usina Hidrelétrica Santa Isabel, com capacidade para gerar 1.087 MW de energia elétrica, aproveitando as águas do rio Araguaia entre os municípios de Ananás, no Tocantins, e Palestina, no Pará, deverá ser iniciada nos próximos 90 dias. As obras têm prazo de quatro anos e meio para ficarem prontas e exigem investimentos próximos de R$ 2 bilhões.

Para a sua execução serão contratados inicialmente seis mil trabalhadores, podendo chegar a 12 mil no pique da obra, entre o segundo e o terceiro ano. A Construtora Camargo Corrêa, de São Paulo, integrante do Consórcio Gesai, vencedor do leilão de concessão da hidrelétrica e com uma experiência bem sucedida na Usina de Serra da Mesa, em Goiás, será a responsável pelos trabalhos.

A hidrelétrica vai formar um lago que inundará uma área de aproximadamente 24 mil hectares de terras férteis às margens do rio Araguaia. Parte da zona rural dos municípios de Ananás, Araguanã e Riachinho, no Tocantins, e Palestina e Piçarra, no Pará, serão afetados. Em Xambioá (TO) e São Geraldo (PA), as águas também vão chegar à zona urbana, cobrindo pelo menos as duas ruas mais próximas da margem do rio.

ESPERANDO LICENÇA
Engenheiros da Construtora Camargo Corrêa anunciaram para os próximos dias o início dos serviços de recuperação e ampliação da estrada que vai do centro de Ananás até a localidade de Porto da Balsa, onde será instalado o canteiro de obras para construção da hidrelétrica. A vicinal tem 54 quilômetros de extensão e precisa de reparos e adaptações para receber máquinas e caminhões pesados.

O início da construção efetiva da hidrelétrica de Santa Isabel depende agora apenas da concessão da licença de instalação junto ao Ibama, o órgão que vai ficar encarregado, juntamente com o Naturatins, do controle do meio ambiente na área a ser ocupada pela barragem, instalações e o lago. A partir da sua liberação, a construtora poderá implantar o canteiro de obras.

A obra está sendo tratada pelas empresas vencedoras do leilão com muita reserva. O assessor da Prefeitura de Ananás, Paulo Roberto Batista, disse que os contatos mantidos com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) por enquanto se limitaram a duas correspondências recebidas do Órgão; a primeira em janeiro, e a segunda em março passado. Além disso, apenas visitas esporádicas de engenheiros da Camargo Corrêa.

EVITAR ESPECULAÇÕES
As empresas que venceram o leilão para construção da Usina Hidrelétrica Santa Isabel estão preocupadas com a possibilidade de especulação que possa vir a elevar artificialmente o valor das terras e propriedades urbanas que precisarão ser compradas para formação do lago de 24 mil hectares. Em contatos na Prefeitura, seus representantes disseram que querem evitar futuros "problemas sociais para os municípios".

Esses "problemas" estariam relacionados com a possibilidade de atração de um grande contingente de trabalhadores de outras cidades para buscar trabalho na usina. "Os engenheiros argumentaram que querem evitar isso, para que, depois de concluída a obra e dispensados os funcionários envolvidos nela, a cidade não sofra com um grande número de desempregados, gerando problemas sociais", disse Paulo Roberto Batista.

Os municípios do Tocantins e do Pará que serão afetados diretamente pela construção da usina não têm grandes problemas sociais, mas o desemprego já começa a rondar. Em Xambioá, há 300 desempregados, Ananás tem um número parecido. Riachinho e Araguanã perto de 200, cada. Do lado do Pará, porém, existem focos de tensão social e violência. São Geraldo sofre mais: 400 pessoas estão sem trabalho.

O leilão para concessão do direito de construir a hidrelétrica foi realizado pela Aneel no dia 30 de novembro passado, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Depois de uma grande disputa com a Tractebel Sul, companhia de origem belga, saiu vencedor o Consórcio Gesai, formado pelas seguintes empresas: Billiton Metais, Companhia Vale do Rio Doce, Construtora Camargo Corrêa, Alcoa Alumínio e Votorantim Cimentos.

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