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Santa Catarina aprova lei que reduz matas às margens dos rios

FSP, Cotidiano, p. C5
01 de Abr de 2009

Santa Catarina aprova lei que reduz matas às margens dos rios
Para ambientalistas, legislação vai contribuir com enchentes e soterramentos como os que mataram 135 pessoas em 2008
Projeto é de autoria do governador Luiz Henrique (PMDB) e teve o apoio de fazendeiros, que buscam mais áreas para produzir

Felipe Bächtold
Da agência Folha

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina aprovou ontem um projeto de lei que diminui a área de preservação ao longo de rios e cursos d'água do Estado.
A proposta recebeu críticas de ambientalistas, que entendem que a nova regulamentação põe em risco matas ciliares e pode contribuir para enchentes e soterramentos, como os que mataram 135 pessoas em novembro de 2008 no Estado.
O projeto foi apresentado pelo governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e recebeu o apoio de produtores rurais do interior do Estado. Caravanas de agricultores acompanharam a votação de dentro da Assembleia, na capital Florianópolis.
Pela proposta, que institui o Código Ambiental catarinense, devem ser preservadas faixas de vegetação de cinco metros nas margens de córregos com cinco metros de largura. O Código Florestal Brasileiro determina um parâmetro maior -30 metros de preservação.
A nova norma de Santa Catarina vale apenas para as regiões rurais. O Ministério Público Estadual e a Procuradoria da República ameaçam ir à Justiça contra a nova regulamentação. Os órgãos entendem que a norma estadual fere a legislação nacional, o que a torna inválida.
Os fazendeiros esperam aumentar a área produtiva de suas terras com a medida. O texto aprovado pelos deputados estaduais segue agora para sanção do governador.
A procuradora da República Analúcia Hartmann diz que, se o projeto for sancionado, os funcionários de órgãos ambientais deverão ignorar as novas regras para não desrespeitar a legislação federal.
Hartmann diz que a maior parte das mortes em novembro ocorreu em áreas de preservação irregularmente ocupadas. "Os rios praticamente não tinham mais matas ciliares. Elas teriam protegido as margens e a tragédia teria sido menor."
O secretário da Coordenação do governo do Estado, Valdir Cobalchini, diz que não vê risco para o meio ambiente com o novo código e afirma que Santa Catarina é "um mar verde". Também afirma que a regulamentação ambiental precisa refletir a "realidade de Santa Catarina". "É diferente do Amazonas ou do Mato Grosso."

FSP, 01/04/2009, Cotidiano, p. C5

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