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Salve a Água Boa do Xingu

Tribuna do Brasil
Autor: BRITO, Fernando
07 de Mar de 2007

Salve a Água Boa do Xingu

Fernando Brito

Antes tivesse nascido índio. Quem dera o Brasil jamais fosse coberto com as roupas dos portugueses. Seria mais feliz, se em vez de megalópoles que crescem desordenadamente, impedindo a terra de receber a benfazeja água da chuva, houvesse um mundo de paisagens naturais para descobrir a cada amanhecer. Uma vida simples, mas abundante. Quem dera, ao menos uma vez...

Mas não existe volta ao passado e a realidade diariamente esmurra nossa cara. Fumaça (das indústrias, carros e fumantes), violência, crimes ambientais, degradação humana. Até o mais recôndito refúgio não está ileso à crescente investida dos tempos modernos. Que o diga os 10 mil índios de 14 etnias, além de cerca de cinco mil outras pessoas, que habitam o Parque Indígena do Xingu, no nordeste de Mato Grosso - região referência da diversidade biológica e cultural do país.

O Rio Xingu nasce no Planalto Central, atravessa os Estados de Mato Grosso e Pará, desaguando no Amazonas. São mais de 51 milhões de hectares de extensão. Mas estão matando as matas ciliares do Xingu, ameaçando a vida desse precioso corpo hídrico.

Infelizmente, os bravos irmãos Villas-Bôas já não estão entre nós para proteger o patrimônio que a ajudaram a constituir. O Parque Nacional do Xingu foi criado por lei em 1961 e teve ainda a contribuição do antropólogo Darcy Ribeiro. O Brasil já não faz mais homens como antigamente.
Nos últimos 40 anos, várias nascentes do Rio Xingu secaram. Em conseqüência, cresce a perspectiva de uma grave crise hídrica na região. Os fazendeiros têm relatado o aumento da erosão e a redução de fertilidade das terras. O assoreamento e a poluição estão provocando ainda a morte dos peixes.

Na contramão da devastação ambiental na região, o Instituto Socioambiental (ISA) coordena há quase três anos a campanha 'Y Ikatu Xingu (que significa "água limpa e boa", na língua Kamaiurá), pela recuperação e proteção das nascentes e cabeceiras do rio. Há uma página virtual na Internet (www.yikatuxingu.org.br), que pode ser acessada para se informar a respeito do projeto. Até a bela top model Gisele Bündchen apóia a iniciativa. Isso que é atitude fashion!
Mas é preciso muito mais que um rostinho bonito e cheio de boa vontade para assegurar a devida proteção ao Rio Xingu. O sucesso da proposta do ISA depende da mobilização da sociedade. No site da campanha há toda orientação para quem quiser contribuir com a causa. Convidar os amigos para participarem também é uma boa idéia.

É desse tipo de atitude que o mundo está carente. Não se pode permitir que a obra dos irmãos Villas-Bôas (relatada em livros como 'A marcha para o Oeste' e tantos outros) seja perdida pela incompetência e corrupção do Estado brasileiro. Político só funciona quando ouve barulho, mas nós - o povo - estamos quietos demais. Então, levante-se e lute!

Tribuna do Brasil, 07/03/2007

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