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Saída para reduzir a desnutrição

CB, Brasil, p. 11
27 de Fev de 2007

Saída para reduzir a desnutrição

Hércules Barros
Da equipe do Correio

Uma troca de favores entre brancos e índios resultou num projeto de desenvolvimento sustentável que pode reduzir a desnutrição de 1.003 famílias em populações indígenas, quilombolas e em áreas de assentamento em 12 estados brasileiros. Ontem, mais uma criança guarani-caiová, da Reserva Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul, morreu por desnutrição. É a terceira ocorrência do tipo registrada neste ano na região.
A experiência de sucesso começou em 2004, quando índios da aldeia Xavante São Pedro, na reserva Parabubure, no estado do Mato Grosso, viajaram até o Rio de Janeiro para aprender a cultivar legumes e hortaliças orgânicas.
Amigo dos indígenas, o ator Marcos Palmeira, proprietário da fazenda Vale das Palmeiras, ensinou oito índios Xavantes a cultivar alimentos orgânicos. Este grupo voltou para a aldeia e multiplicou a experiência. "A escassez de caça e de pesca na aldeia indígena motivou o aprendizado", afirma Palmeira. A experiência deu tão certo que foi "comprada" pelo Ministério da Integração, pela Fundação Banco do Brasil (FBB) e pelo Sebrae e resultou no projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS).
A idéia é simples e tem na irrigação o seu maior segredo. "Economizamos água em regiões onde tem pouca água doce", afirma o engenheiro agrônomo senegalês Aly Ndiaye, parceiro do ator no projeto inicial.
Com uma mangueira perfurada com microfuros, ligadas a uma caixa de água, o agrônomo planejou uma horta em formato circular. No meio, um galinheiro produz adubo suficiente para nutrir os legumes e verduras. Com essa estrutura, o agricultor consegue, com menos de R$ 1 mil, prover o próprio sustento.
O cacique Xavante Izaias Trowe Tseretwe ressalta que, em dois anos, o PAIS foi responsável pela melhorias de vida dos índios da aldeia. "Antes de 2004 morriam de dois a cinco crianças indígenas por mês, agora não temos mais criança morrendo por desnutrição", diz. O aumento de consumo de alimentos saudáveis diminuiu também o registro de doenças, como a diarréia e a gripe. "A principal alimentação dos índios era farinha de mandioca", explica Marcos Palmeira. Com a adoção do PAIS, a experiência recebeu um investimento de R$ 6,4 milhões. Até o momento, foram instaladas 548 unidades. A meta é implantar 1.080 hortas em comunidades de 12 estados, beneficiando cerca de 2 mil famílias.

CB, 27/02/2007, Brasil, p. 11

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