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Saída para o Pacífico elevaria safra em 60%

Midianwes-Cuiabá-MT
19 de Nov de 2002

O Brasil esteve voltado exclusivamente para o Atlântico nos últimos 500 anos. Uma saída para o Pacífico deverá fortalecer a economia do oeste brasileiro e elevar a safra nacional de grãos para pelo menos 160 milhões de toneladas em dez anos - volume 60% superior ao atual.

Os investimentos nesse projeto, estimados em US$ 9 bilhões, viriam praticamente da iniciativa privada, cabendo ao governo apenas 20% desse valor, que seria investido em infra-estrutura. É um projeto viável e que depende apenas de vontade política.

Esse é o resultado de um estudo da Bolsa de Mercadorias & Futuros feito em parceira com técnicos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo foi apresentado como uma das sugestões para o projeto Fome Zero, do presidente eleito, Luiz Inácio Lula de Silva.

Essa saída para o Pacífico traria várias vantagens não só para para o Brasil, mas também para os demais países latino-americanos. O Brasil ganharia uma saída para a Ásia e os vizinhos do oeste, uma para o mercado brasileiro.

A saída combina perfeitamente com uma nova concepção de eixos continentais de desenvolvimento, envolvendo grandes projetos de gasodutos, ferrovias, rodovias, novos portos e hidrovias.

Uma saída brasileira para o Pacífico incorporaria novos países ao Mercosul, além de abrir o mercado brasileiro para a Ásia, região que tem o maior crescimento no consumo, principalmente de produtos agrícolas.

Última fronteira

Denominado Projeto Centro-Oeste, o estudo indica que a região - que inclui os Estados do Acre, Rondônia, Tocantins, Pará, Maranhão e Mato Grosso - passaria por um rápido desenvolvimento e com equilíbrio ambiental, pois seriam ocupadas apenas as áreas já desmatadas.

São várias opções de saída para o Pacífico. O estudo lista pelo menos dez, mas uma das mais viáveis é a Santos-Arica. Esse caminho passa pelo Sudeste e Centro-Oeste brasileiros, território boliviano e atinge o norte do Chile, somando 3.577 quilômetros.

Segundo a BM&F, o Brasil é a última fronteira agrícola significativa em expansão no mundo. O país conta com recursos hídricos para aumentar a produção mundial de grãos, de madeira e de produtos do agronegócio no oeste.

A conquista do oeste significará uma forte integração dos países da América do Sul, especialmente Peru, Bolívia e Chile, diz o estudo.

Esse corredor para o Pacífico é importante, ainda, para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros na Ásia e no Oriente, onde se encontra 70% da população mundial.

A BM&F acredita, ainda, que a conquista do oeste gerará um crescimento econômico na região que atrairá novos trabalhadores, eliminando focos de tensão. A população rural da região poderá passar dos atuais 6,6 milhões de pessoas para 7,5 milhões, com crescimento de 14%.

Acrescida a esse número a evolução normal do crescimento demográfico rural, a população chegaria a 10,2 milhões de pessoas em dez anos. A produção de grãos saltaria para 43 milhões de toneladas, três vezes mais que a atual.

O Brasil ficou 500 anos agarrado à costa do Atlântico. Pelo menos 80% da população do país vive em cidades a menos de mil quilômetros da costa e 82% do PIB (Produto Interno Bruto) é gerado nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

O oeste é uma área capaz de auxiliar nas reduções do inchaço dos atuais centros urbanos e das tensões populacionais, gerando emprego e renda. A ocupação do solo geraria, em poucos anos, um direcionamento da região para atividades mais dinâmicas, com uma multiplicação dos investimentos, diz o estudo.

Uma saída para o Pacífico geraria 187 mil empregos diretos na agricultura, com desdobramento para um total de 747 mil postos de trabalho, considerando a indústria e os serviços. Só a demanda de energia elétrica saltaria dos atuais 5.155 MW para 11.955 MW no período de dez anos.

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