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Sabesp pede mais 106 bi de litros do volume morto do Cantareira

OESP, Metrópole, p. A22
20 de Ago de 2014

Sabesp pede mais 106 bi de litros do volume morto do Cantareira
Estatal refaz cálculos e reduz proposta de uso da reserva profunda; retirada será restrita às Represas Jaguari-Jacareí

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Após refazer cálculos sobre os níveis das represas, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou nesta terça-feira, 19, que pretende retirar mais 106 bilhões de litros do volume morto do Sistema Cantareira. O principal manancial paulista atravessa a pior estiagem de sua história e, desde julho, opera exclusivamente com água da primeira cota da reserva profunda. Nesta terça-feira, 19, o sistema armazenava 124,7 bilhões de litros, o equivalente a 12,7% da capacidade.
Agora, segundo a concessionária, toda a segunda cota do volume morto será retirada das Represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, que representam cerca de 80% da capacidade do Cantareira. No caso da primeira cota, de 182,5 bilhões de litros, a reserva foi dividida entre Jaguari-Jacareí (104,3 bilhões) e Atibainha (78,2 bilhões), localizada em Nazaré Paulista.
Em julho, a Sabesp chegou a apresentar ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), gestor estadual do Cantareira, proposta para retirar 116 bilhões de litros da reserva, distribuídos entre o Jaguari-Jacareí e o Atibainha, conforme o Estado revelou. Com o novo plano, as duas maiores represas do sistema, consideradas o "coração do Cantareira", podem ficar com 3% da capacidade, considerando os volumes útil e morto, caso o estoque seja usado integralmente.
Em conferência com investidores e analistas do mercado financeiro, a Sabesp anunciou que os 106 bilhões de litros já haviam sido autorizados pelo DAEE e pela Agência Nacional de Águas (ANA), gestora federal do sistema. Depois, contudo, ponderou que o pedido "está em análise" pelos dois órgãos reguladores e recebeu aval apenas para a realização das obras necessárias para poder captar água do fundo das represas.
Na semana passada, a Sabesp contratou por R$ 6,4 milhões uma empresa para fazer limpeza e manutenção do canal subaquático nos reservatórios e está concluindo a compra de 19 bombas flutuantes por R$ 6,9 milhões para retirar mais água do volume morto. Ao todo, devem ser usados 286,5 bilhões de litros da reserva profunda. Segundo a Sabesp, o volume represado abaixo do nível das comportas é de 510 bilhões de litros.
Média histórica. Conforme cálculos feitos pela própria Sabesp, a primeira cota do volume morto pode se esgotar em outubro, caso a quantidade de água que chega aos reservatórios continuar muito abaixo da média histórica - neste mês, por exemplo, ficou 70,8% inferior. Questionada, a empresa não disse a partir de quando pretende usar a segunda cota do volume morto nem quanto ele pode durar.
Segundo a Sabesp, o abastecimento de água sem a adoção de rodízio oficial está garantido até março de 2015. Aos investidores, a companhia destacou que, desde o início do ano, quando a crise foi anunciada, já reduziu em 10 mil litros por segundo o volume de água retirado do Cantareira. Dados divulgados nesta terça mostram que 46% dessa redução é resultado do remanejamento de água de outros sistemas, como Alto Tietê e Guarapiranga, para regiões antes atendidas pelo Cantareira. De acordo com a companhia, dos 8,8 milhões de pessoas que eram atendidas pelo manancial em crise, hoje 6,5 milhões estão recebendo água de seu volume morto. Outras 500 mil devem deixar a área de abrangência do Cantareira até o fim do ano.

Adesão ao bônus por economia de água sobe para 78% em SP
De acordo com levantamento da Sabesp, na prévia deste mês, 52% dos clientes conseguiram reduzir o consumo em pelo menos 20%

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Depois do aumento do consumo de água por 26% dos clientes da Grande São Paulo, durante a Copa do Mundo, o índice mais alto desde o lançamento do programa de bônus, em fevereiro, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgou nesta terça-feira, 19, que o número de consumidores que economizaram água voltou a subir neste mês.
Segundo a apresentação feita por dirigentes da companhia a investidores e analistas, a adesão ao programa subiu para 78% dos consumidores, no balanço parcial finalizado no dia 11 de agosto. Na medição feita entre os dias 15 de junho e 15 de julho, período que coincidiu com o torneio mundial realizado em São Paulo, a adesão havia sido de 74%.
De acordo com o levantamento, na prévia deste mês, 52% dos clientes conseguiram reduzir o consumo em pelo menos 20% e conseguiram o desconto de 30% na conta. Outros 26% gastaram menos água do que a média de consumo de 12 meses, mas não atingiram a meta. E 22%, apesar da crise de estiagem que atinge os Sistemas Cantareira e Alto Tietê, ainda consumiram mais água.
Segundo Rui Affonso, diretor econômico-financeiro e de relações com investidores da Sabesp, além do efeito Copa, os meses de junho e julho registraram temperaturas acima da média, o que faz com que as pessoas consumam mais água. "Passada a Copa, e com a retomada das temperaturas mais brandas, o consumo voltou a cair", afirmou.
Conforme o Estado antecipou na semana passada, o programa de bônus da Sabesp teve forte impacto nas receitas da companhia. Segundo o balanço financeiro do segundo trimestre, a estatal deixou de arrecadar R$ 98,9 milhões desde março, quando os descontos começaram a ser dados para os clientes do Sistema Cantareira que atingiram a meta do programa. Os dados foram finalizados em junho. Segundo a Sabesp, o programa deve permanecer até o fim deste ano ou até a recuperação do nível das represas do manancial. A própria companhia admite que esse processo pode levar mais de três anos.

Comitê anticrise mantém silêncio sobre crise da água em SP
Último comunicado do grupo, criado para monitorar a seca e recomendar ações de enfrentamento, foi publicado em 1.o de julho

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Sem consenso sobre o volume máximo de água que pode ser retirado do Sistema Cantareira para abastecer, hoje, cerca de 12 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas, o comitê anticrise liderado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) completa nesta quarta-feira 50 dias de "silêncio".
O último comunicado do grupo, criado em fevereiro para monitorar a seca histórica do manancial e recomendar ações de enfrentamento da crise aos órgãos gestores, foi publicado no dia 1.o de julho. A partir dele, ANA e DAEE decidiram reduzir o volume de água liberado para a Sabesp de 21.500 para 19.700 litros por segundo e manter 3 mil litros/segundo para Campinas. A regra expirou no dia 15 de julho e, desde então, não houve nova definição de captação.
Além dos órgãos gestores, o grupo é composto por representantes da Sabesp e dos comitês das Bacias Hidrográficas do Alto Tietê, que abrange a Grande São Paulo, e dos Rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (PCJ), que engloba a região de Campinas. No comitê, a partilha da água que resta nos reservatórios do manancial não tem consenso.
A ANA, por exemplo, defende que seja liberado um volume proporcional de água que chega às represas. O objetivo seria tentar preservar os mananciais e manter uma reserva de 5% do volume morto para o período chuvoso, que se inicia em outubro e vai até março, caso a estiagem observada desde o fim de 2013 se repita neste ano.
'Revisão'. A Sabesp, por sua vez, alega em seu plano de contingência que uma redução na vazão "implicará forte revisão da estratégia" e que "seguramente afetaria parte da economia alcançada" com o programa de bônus e a redução da pressão da água à noite "sem proporcionar a certeza de que a contrapartida de redução de vazão seja substancialmente superior".
Procurado, o DAEE informou que "não houve alterações significativas do quadro de estiagem" e que "a não publicação de boletins não compromete a responsabilidade do grupo". A ANA não se manifestou.

OESP, 20/08/2014, Metrópole, p. A22

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