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Roraima em pé de guerra

JB, País, p. A4
07 de Jan de 2004

Roraima em pé de guerra
Revolta contra reserva provoca caos em Boa Vista

Romoaldo de Souza

Contrários à homologação de uma reserva indígena com área equivalente a 7,7% do território de Roraima, fazendeiros e índios promoveram ontem uma série de protestos no Estado. As principais vias de acesso a Boa Vista foram bloqueadas e os prédios do Incra e da Funai, invadidos.
Organizações indígenas acusam um grupo com cerca de 200 manifestantes de ter espancado e tomado como reféns dois padres e um missionário, depois de invadirem a missão Surumu, localizada dentro da terra indígena na área da Raposa Serra do Sol.
Os protestos ocorrem 15 dias após o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ter afirmado que a homologação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol - área de 1,75 milhão de hectares - será efetuada neste mês. Na área, vivem 19 mil pessoas, sendo 7.000 não-índios, de acordo com o Censo 2000.
Os manifestantes queixam-se da proposta do Ministério da Justiça de homologar a área como ''contínua'', incluindo as cidades e plantações (sobretudo de arroz) dentro de seus limites. Com isso, os não-índios terão de ser realocados.
Os bloqueios nas rodovias começaram por volta das 5h (7h no horário de Brasília), de acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal. Com carros, caminhões, tratores e toras de madeira, os manifestantes interditaram o tráfego nas vias. Nenhum veículo foi autorizado a cruzar os bloqueios.
No começo da manhã, a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Boa Vista foi invadida por cerca de 200 indígenas. Até o fim da tarde, eles continuavam ocupando o prédio. Segundo a Polícia Militar, um grupo de agricultores também invadiu, na madrugada, o edifício do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) encaminhou nota de protesto contra a violência em Roraima, pedindo a Márcio Thomaz Bastos agilidade nas negociações, e exigindo que o presidente Lula efetive a demarcação da área.
De acordo com a assessoria de Thomaz Bastos, o ministro está acompanhando e monitorando a situação. E mantém, para este mês, a expectativa do decreto de homologação da área indígena. O senador Morazildo Cavalcanti (PPS-RR) disse temer que a reserva ''emperre o desenvolvimento do Estado''.
Com Agência Folha

JB, 07/01/2004, País, p. A4

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