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Rio tem maior população em favelas: 1,3 milhão

O Globo, O País, p.5
22 de Dez de 2011

Rio tem maior população em favelas: 1,3 milhão
Mas crescimento na cidade foi bem menor do que no país na década; já Rio das Pedras cresceu quase 50%

RAFAEL GALDO

Faz pouco mais de um mês que Andreya Silva dos Santos, de 18 anos, deixou a família em Tutoia, no Maranhão, para morar no Parque Dois Irmãos, em Curicica, Zona Oeste do Rio. Ao trocar a região próxima ao Delta do Parnaíba por um puxadinho na comunidade carioca, ela se juntou à população de 1.393.314 pessoas que, segundo o Censo 2010, moravam nas 763 favelas do Rio até o ano passado. Os números deram à capital fluminense o título de cidade com a maior população em favelas do país. Dos seus 6.323.037 moradores , 22,03% viviam nessas ocupações precárias. Mais, inclusive, do que na cidade de São Paulo, cuja população nas favelas era de 1.280.400, distribuída em 1.020 aglomerados.
Se comparados com os dados do Censo 2000 do IBGE (quando o instituto identificou 1.092.283 moradores de favelas no Rio, ou 18,65% dos 5.857.904 habitantes do município), o crescimento da população em aglomerados subnormais em dez anos foi de 27,5%. Enquanto a cidade regular, excetuando os moradores das favelas, cresceu a um ritmo oito vezes menor, apenas 3,4%, passando de 4.765.621 para 4.929.723 nesses dez anos.
A população da comunidade onde vive Andreya, o Parque Dois Irmãos, por exemplo, multiplicou-se por 20 vezes nas últimas décadas. A comunidade surgiu em 1992, como uma invasão de 300 pessoas. Dezoito anos depois, já eram 6.775 moradores, segundo o Censo, inseridos no Complexo da Colônia Juliano Moreira, conjunto de sete comunidades que, juntas, tinham 15.474 habitantes ano passado (a 13ª maior favela/complexo de favelas do Rio).
- Vim para o Rio em busca de oportunidades de emprego. Estou vendendo quentinhas na Barra da Tijuca - conta Andreya. - Nem imaginava como era viver numa comunidade.

Rocinha, que receberá UPP em 2012, é a maior favela
De acordo com o líder comunitário Alan Lima de Almeida Melo, ainda nos anos 90 a ocupação cresceu vertiginosamente, principalmente com a chegada de imigrantes nordestinos, como Andreya, e de pessoas vindas de áreas distantes da Região Metropolitana do Rio.
As duas maiores favelas cariocas, aliás, também são alguns dos destinos mais procurados por imigrantes no Rio. A Rocinha, recém-ocupada para a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP, atualmente espalhadas por 19 áreas carentes do Rio), continua sendo a favela mais populosa do Rio e do país. De acordo com o Censo 2010, eram 69.161 moradores. Uma década antes, segundo estudo do Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura do Rio, com base em dados do Censo 2000, a Rocinha tinha 56.338 moradores. Ou seja, em dez anos, a comunidade registrou um crescimento populacional de 22,7%.
Mais rapidamente se expandiu a segunda maior favela do Rio: Rio das Pedras. Segundo o censo, a favela tinha 54.793 moradores em 2010, o que já daria à comunidade a terceira posição entre as mais populosas do Brasil. Mas se levado em conta que a favela forma um complexo com a comunidade Associação de Moradores e Amigos de Rio das Pedras, essa população era ainda maior, de 63.482 pessoas. Em 2000, segundo os dados do IPP com base no Censo daquele ano, as duas áreas tinham 42.735 habitantes, 48,5% a menos.
À favela, conta o presidente da Associação de Moradores, Fabrício José dos Santos, todos os domingos chega um ônibus do Nordeste. De acordo com ele, seria frequente também a migração de moradores de outras regiões do Rio, como o Complexo do Alemão e a Rocinha. E sem espaço para abrigar tanta gente, Rio das Pedras cresce verticalmente. Há pelo menos 500 prédios na comunidade, alguns com até sete andares. O que torna o setor imobiliário um negócio lucrativo na favela. Segundo estudo da associação local, 73% dos moradores eram inquilinos no início do ano passado, com os preços de aluguéis entre R$150 a R$550.
O paraibano Luciano Gonçalves, de 28 anos, paga R$500 pelo aluguel de um apartamento de dois quartos na comunidade. Ele saiu com a mulher de Itapororoca, na Paraíba, em 2005. E após viver um ano na casa da sogra, mudou-se para Rio das Pedras, onde teve quatro filhos.
- Depois que vim para cá, mais dois irmãos também vieram. Estou aqui para juntar dinheiro e voltar. Meu objetivo é abrir um comércio na Paraíba - relata Luciano, que trabalha em obras das prefeitura do Rio.
Após a Rocinha e Rio das Pedras, a lista de maiores favelas/complexos de favelas do Rio (usando critérios do IPP para reunir favelas em complexos), tem o Complexo do Alemão, com 58.430 habitantes; o Complexo da Fazenda Coqueiro, com 44.834 moradores; o Complexo da Penha (35.388); o Complexo do Jacarezinho (32.972); o Complexo de Acari (21.999); o Complexo de Manguinhos (21.846); e o Complexo da Pedreira (20.508).
Após a Rocinha e Rio das Pedras, a lista de maiores favelas/complexos de favelas do Rio (usando critérios do IPP para reunir favelas em complexos), tem o Complexo do Alemão, com 58.430 habitantes; o Complexo da Fazenda Coqueiro, com 44.834 moradores; o Complexo da Penha (35.388); o Complexo do Jacarezinho (32.972); o Complexo de Acari (21.999); o Complexo de Manguinhos (21.846); e o Complexo da Pedreira (20.508).
Embora nem o IBGE nem o IPP agrupe as favelas da Maré num único complexo, se reunidas as áreas contíguas de favela da região, a população de Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Baixa do Sapateiro e Timbau, juntos, era de 64.215 moradores em 2010. Os números do IBGE também não consideram aglomerados subnormais áreas oriundas de conjuntos habitacionais hoje favelizadas, como a Vila do João, grande parte da Cidade de Deus e a Vila Kennedy.

O Globo, 22/12/2011, O País, p.5

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