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Rio já usa volume morto do Paraibuna

OESP, Metrópole, p. A14
23 de Jan de 2015

Rio já usa volume morto do Paraibuna

RIO - O nível do reservatório de Paraibuna, o maior dos quatro que abastecem o Estado do Rio, chegou a zero pela primeira vez nesta quinta-feira, 22, segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Isso fez com que seu volume morto (não operacional) tenha começado a ser usado, o que é inédito.
O secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, reconheceu que se trata da "maior crise hídrica da história do Sudeste" e já admite reflexos no abastecimento de indústrias como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e a Gerdau, em Santa Cruz, na zona oeste. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), entretanto, continua negando a hipótese de racionamento para a população.
O volume morto do Paraibuna acumula 2,1 trilhões de litros. Segundo técnicos da Secretaria do Ambiente, a reserva acumulada no fundo do Paraibuna seria suficiente para abastecer a região metropolitana do Rio por cerca de seis meses.
Em nota, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou que "o volume total de água acessível por gravidade ainda está sendo estudado pelo ONS e pelo operador do reservatório". A ANA acrescentou que "oportunamente fará a divulgação de novas regras de utilização do reservatório, caso elas sejam modificadas, em articulação com o ONS, os órgãos gestores dos Estados que compartilham a bacia (SP, RJ e MG) e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul". Segundo Corrêa, ainda não há previsão, "mas é possível que ao longo da semana a ANA mexa nas vazões".
O engenheiro Paulo Carneiro, que coordenou o Plano Estadual de Recursos Hídricos em 2014, aponta, porém, dificuldades no uso do volume morto, que não foi projetado para substituir a vazão do rio. "As válvulas de fundo foram projetadas para funcionar com o reservatório cheio e os órgãos gestores ainda não informaram quando e como a água será retirada, nem qual será a vazão", disse Carneiro, que é pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com a ANA, não serão necessárias obras para acessar o volume abaixo do limite operacional, como ocorreu no caso do Sistema Cantareira, onde foram necessárias obras para a instalação de bombas.
Outros três reservatórios integram o sistema: Santa Branca, Jaguari e Funil. "Do ponto de vista operacional da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), não muda nada. O uso do volume morto já era esperado. Mas empresas que já deveriam ter feito o dever de casa podem ser prejudicadas", afirmou o secretário, referindo-se ao alto consumo. Indagado pela reportagem, ele citou apenas a CSA e a Gerdau.
Sobretaxa. Ressaltando que se trata de uma "posição pessoal" ainda em discussão no governo, Corrêa defendeu um novo modelo de cobrança pelo uso da água, com descontos para quem consome menos e sobretaxa para quem consome mais. "Reforço o apelo para que a população gaste menos água", declarou. A Cedae sustenta, porém, que "já pratica uma tarifa progressiva", apesar de a maioria pagar um valor básico fixo. A Bacia do Rio Paraíba do Sul abrange 184 municípios.

Minas pode ter racionamento de água em quatro meses
O governo trabalha com essa hipótese caso a queda dos níveis dos reservatórios permaneça no ritmo atual; Copasa avalia impor multa

O governo de Minas Gerais trabalha com a possibilidade de adotar um racionamento de água em no máximo quatro meses caso a queda dos níveis dos reservatórios permaneça no ritmo atual. Para evitar o problema, segundo a presidente da Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa), Sinara Meireles, é necessário que o consumo no Estado, que já foi conhecido como a caixa d'água do País, seja reduzido em 30% em todos os setores. A empresa também já avalia a possibilidade de cobrança de multa para quem não exceder determinado limite de consumo. E atribui ao governo anterior a falta de medidas para evitar a atual situação.

O problema atinge todo o Estado, mas é mais grave na região metropolitana, onde 31 dos 34 municípios são abastecidos pelos sistemas Paraopeba e Velhas. Neste último a captação é no fio d'água e a vazão do Rio das Velhas, que tem média histórica de 80 metros cúbicos por segundo neste período, apresenta no momento média de 10 metros cúbicos por segundo (8,85 ontem). Já o Paraopeba é composto por três reservatórios, que estão com uma média de 30% da capacidade.

A situação mais dramática é no reservatório Serra Azul, que está com apenas 5% de sua capacidade e opera no chamado volume morto. Além dele, o sistema é composto pelos reservatórios Rio Manso, que está com 45% da capacidade, e Várzea das Flores, que tem 28% do volume total. "Em janeiro de 2014, tínhamos 78% da água armazenada. Em dezembro, tínhamos 34% e hoje temos 30%" observou o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli. Além da região metropolitana da capital, a situação é "crítica" nos municípios de Campanário, no Vale do Rio Doce, Urucânia, na Zona da Mata mineira, e Pará de Minas, na região central do Estado.

De acordo com Sinara, o racionamento com rodízio no abastecimento e a cobrança de tarifas para quem exceder determinado limite de consumo serão as últimas medidas a serem adotadas, sendo que as multas ainda dependem de questões jurídicas a cargo da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado (Arsae-MG). A princípio, a Copasa pretende iniciar, ainda neste fim de semana, uma campanha para incentivar os consumidores a reduzirem o consumo.

OESP, 23/01/2015, Metrópole, p. A14

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