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Ribeirinhos reforçam o coro contra Belo Monte

CIMI - www.cimi.org.br
12 de Ago de 2010

No penúltimo dia do acampamento Em Defesa do Xingu, contra Belo Monte, organizado na Orla do Cais do Porto de Altamira (PA) houve grande participação dos ribeirinhos, pescadores e agricultores no encontro. Eles aproveitaram os momentos de plenária para sanar dúvidas relacionadas ao projeto da usina e também para confirmar que são sim contrários à construção da hidrelétrica.

Os trabalhos do dia foram iniciados pela liderança Sheila Juruna, que chamou os parentes à luta e para se colocarem também contra o empreendimento. "Quero deixar claro aqui que nós, os Juruna de Paquiçamba, e os povos indígenas do rio Xingu, estamos sim contra Belo Monte. Não vamos nos vender parentes para o colonizador, não vamos vender nossa vida a esses grandes projetos".

Felipe, morador da região paraense de Gurupá, confirmou as falas de Sheila quando disse que a luta não é somente dos povos indígenas de Altamira, mas de todos os povos do país. Para ele, somente a junção de forças e a mobilização da opinião pública poderá frear o projeto de Belo Monte.

Ele indaga aos participantes para onde vai o povo do Xingu, caso a obra seja construída e utiliza uma passagem biblíca para confirmar sua fala de luta e esperança. "Somos poucos sim para essa luta, mas Deus disse: 'o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada', então tendo fé e lutando vamos conseguir barrar essa obra e todas as outras propostas mentirosas do governo brasileiro, que só lembra dos povos indígenas e nos procura de quatro em quatro anos quando quer o nosso voto".

Jonas, do município de Uruará, pede a fala e confirma a força e a luta dos ribeirinhos contra a construção da barragem. "Viemos nos unir a todos os povos para reforçar a caminhada contra Belo Monte, obra que serve aos grandes empresários e ao governo, mas não às comunidades indígenas, ribeirinhas e tradicionais, que precisam da terra para viver, plantar, morar".

Outra representante da região de Gurupá, a professora Silvana, diz aos participantes que sua comunidade também será atingida pela hidrelétrica, que como os indígenas precisam da terra, do meio ambiente, inclusive como meio de sobrevivência. Para ela, eles partilham a mesma realidade e, por isso, somam forças contra a obra. "Dizer não contra Belo Monte é dizer sim à vida"

Apoio de outros povos

Na manhã de hoje (11), intercalando as mesas de debates e os trabalhos em grupo, aconteceram diversas manifestações culturais dos povos que aqui estão reunidos. Rezas, danças e cantigas tradicionais trouxeram nova energia para as atividades e renovação ao ânimo das comunidades que lutam contra a construção de Belo Monte.

O ritmo que rege os trabalhos e as discussões é de irmandade, companheirismo, esperança e fé. Nesse sentido, representantes de diversos povos indígenas do país vieram prestar apoio e solidariedade às comunidades da região. "Sem o fortalecimento de nosso movimento e a união de nossos povos não conseguiremos vencer nossas lutas e manter nossas culturas, costumes e tradições", afirmou Zé Luiz, do Sul de Rondônia.

Josiney Arara, liderança da Volta Grande do Xingu, chamoua os parentes para a "guerra" contra Belo Monte. "Somos guerreiros e estamos na luta para o que der e vier. Estamos juntos. Se o governo pensa que pode chegar fazendo o que quer sem respeitar nossos direitos ele vai descobrir que não é bem assim. Estamos fortes, vivos até o último suspiro contra essa usina e a favor do rio Xingu".

Já o cacique Amiot, da aldeia Gorotire (PA), disse claramente porque os povos indígenas não querem a hidrelétrica. "Não queremos Belo Monte porque essa obra vai acabar com a riqueza das nossas terras, vai acabar com as nossas formas de bem viver, de nos relacionar com o meio ambiente e com a nossa medicina natural".

Matudjo Kayapó, por sua vez, chamou os parentes que se mostram favoráveis a construção da usina para explicar essa decisão. De acordo com ele, essas pessoas estão sendo enganadas por falsas promessas do governo federal e da Eletronorte. "Eles estão fazendo a cabeça dos nossos parentes e estes dizem que têm medo de ficar sem saúde, educação, e por isso, apoiam o empreendimento. Isso é tudo mentira, temos esses direitos garantidos em lei e não precisamos ceder a essas chantagens".

http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=4873&eid=354

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