Redução de custo e alta de preços garantem lucro da Vale no 3o tri

Redução de custo e alta de preços garantem lucro da Vale no 3o tri
Mineradora tem ganho de R$ 1,8 bi. Ação ordinária avança 1,06%

DANIELLE NOGUEIRA
danielle.nogueira@oglobo.com.br

A mineradora Vale, maior produtora global de minério de ferro, teve lucro de R$ 1,8 bilhão no terceiro trimestre, impulsionado por maior volume de vendas, preços mais altos do minério de ferro e redução de custos. A cifra veio abaixo do esperado pelo mercado e é 48% inferior ao ganho do segundo trimestre. As ações ordinárias da mineradora avançaram 1,06%, a R$ 22, mas as preferenciais (sem voto) recuaram 0,38%, a R$ 20,72.
A queda no lucro em relação ao segundo trimestre deveu-se à desvalorização do real. O câmbio já havia afetado o resultado do terceiro trimestre do ano passado, quando a Vale teve prejuízo de R$ 6,6 bilhões. Ao longo de 2015, a empresa também fez provisões (reserva de recursos diante da possibilidade de perdas).
A geração de caixa somou R$ 9,8 bilhões, alta de 44% ante o terceiro trimestre do ano passado. Segundo Luciano Siani, diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale, o salto ocorreu por preços melhores e redução de custos de produção e serviços de quase 11%, devido a melhorias operacionais.
O desempenho da companhia no terceiro trimestre é favorável para Murilo Ferreira, presidente da Vale. Após o impeachment, voltaram as pressões para a troca no comando da mineradora e já circulam no mercado nomes de candidatos à sucessão.
Com o resultado, Murilo disse que poderia "fazer ajustes" no programa de desinvestimento.
- Nosso programa de desinvestimento tem um aspecto estratégico e de redução de dívida. Se tivermos geração de caixa expressiva, poderemos fazer ajustes - disse Ferreira, em teleconferência, quando perguntado se a melhora no desempenho levaria a empresa a descartar a hipótese de vender ativos estratégicos.
Ferreira afirmou, porém, que "não descarta qualquer possibilidade" de venda e chegou a citar que tem sido procurado por interessados na mina de cobre de Salobo. A Vale negocia com a americana Mosaic e a norueguesa Yara a venda de parte dos ativos de fertilizantes. Mais quatro navios devem ser vendidos. A expectativa da mineradora é levantar US$ 15 bilhões entre este ano e 2017.
No cálculo do analista de mineração da corretora Planner, Luiz Caetano, o preço médio de venda de minério de ferro da Vale foi de US$ 50,95 a tonelada no terceiro trimestre, quase 10% superior aos US$ 46,48 do terceiro trimestre de 2015:
- O ano começou com expectativa ruim para o minério, mas o setor de construção civil na China melhorou, e a produção de aço no país cresceu, ampliando a demanda pelo minério de ferro.
A Vale teve recorde de produção de minério de ferro no terceiro trimestre, de 92 milhões de toneladas. Com melhor desempenho operacional, a empresa reduziu o endividamento. A dívida líquida caiu US$ 1,5 bilhão na comparação com o segundo trimestre, para US$ 25,9 bilhões, mas ainda acima dos US$ 24,2 bilhões registrados no terceiro trimestre do ano passado.
Um dos fatores que vão ajudar a empresa a reduzir custos a longo prazo é a entrada do projeto S11D, a expansão da mina de Carajás, no Pará. Com maior teor de ferro e moderna estrutura de extração, o minério do S11D tem custo menor que a média da indústria. A expectativa é que a produção comece no quarto trimestre. O projeto atingirá pico de 90 milhões de toneladas em 2020. Inicialmente, a previsão era que esse patamar fosse atingido em dois anos, mas o prazo foi alongado para se adequar à expansão da Estrada de Ferro de Carajás, por onde o minério será exportado.

O Globo, 28/10/2016, Economia, p. 24

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