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Projetos vão ajudar mais de mil indígenas

A Crítica-Manaus-AM
22 de Jan de 2003

A comissão do Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI) aprovou dez das 12 propostas encaminhadas por organizações e comunidades da Amazônia Legal. Durante dois dias, os representantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), do Ministério do Meio Ambiente, dos governos britânico e alemão, além de membros da equipe do PDPI, estiveram reunidos no auditório do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) no primeiro encontro para a avaliação dos pequenos projetos, que envolvem investimentos de até R$ 45 mil.

O Amazonas foi o Estado que enviou o maior número de propostas: foram quatro projetos, todos selecionados. Com a aprovação, mais de 1,5 mil indígenas de 12 etnias vão receber cerca de R$ 165 mil para desenvolver desde atividades econômicas, que envolvem o manejo sustentável, até ações de resgate cultural.

Os projetos das organizações indígenas do Estado que estiveram em pauta foram "Avicultura no bairro D. Pedro Massa" e "Palmeira Caraná", da coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê (Coidi/AM); "Um Centro Cultural em Porto Espiritual - espaço de valorização de nossos costumes", do Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT/AM) e "Valorização da Cultura dos Povos Indígenas Marubo dos Rios Itui e Curuçá, no Vale do Javari", proposto pelo Conselho Indígena do Vale Javari (Civaja/AM).

O coordenador do PDPI e membro da Coiab, Gersen Luciano, destacou a qualidade dos projetos e a ênfase dada aos aspectos culturais. Ele classificou a etapa de elaboração das propostas de "processo pedagógico e educativo", já que permite às tribos se organizar para a discussão de idéias e até formular projetos maiores.

Em Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros de Manaus) o coordenador do Conselho Indígena do Vale Javari (Civaja), Clóvis Rufino Reis, 37, comemorou a aprovação no PDPI do projeto elaborado pela entidade e que vai beneficiar toda a população da etnia Marubo, num total 969 índios. "Vamos poder dá a boa notícia durante o encontro que vamos promover no Centro de Treinamento Indígena no Rio Pardo, que fica a 270 quilômetros da cidade", disse. As lideranças indígenas Marubo vão estar reunidas no período de 25 a 28 de janeiro.

Rufino disse que o projeto intitulado "Valorização da Cultura dos Povos Indígenas Marubo dos Rios Itui e Curuçá, no Vale do Javari", não foi o único elaborado pelo Civaja, apesar de ser o primeiro a fazer parte do PDPI. "Há sete anos desenvolvemos projetos aqui na região", disse. Ele explicou que a preocupação com as aldeias Marubo se deve a crescente evasão de indígenas em busca de melhores condições na cidade.

"Eles abandonam as comunidades e acabam se envolvendo com bebida alcoólica, prostituição e trabalho escravo". Mas é a perda das referências culturais o maior problema apontado por Rufino. "A influência de outras culturas faz com que eles deixem de valorizar a nossa. Diante dessa situação, a gente viu uma possibilidade de elaborar o projeto para ter uma iniciativa junto à comunidade marubo", disse.

Rufino explicou que não havia como o Civaja encaminhar uma proposta que beneficiasse todos os 12 povos que a entidade representa, isso porque seis permanecem isolados, entre eles, os Korubo - também conhecidos como 'caceteiros'-, que só agora estão tendo contato com o homem branco

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