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Projetos sociais atraem donos de grandes fortunas

Valor Econômico, Eu &, p. D2
07 de Nov de 2013

Projetos sociais atraem donos de grandes fortunas

Por Danylo Martins
De São Paulo

Investir em prol de uma causa vem ganhando mais atenção de milionários e bilionários no Brasil. Em vez de engordar o patrimônio, o retorno do investimento se traduz por meio de resultados para a sociedade. O movimento é crescente, segundo o último censo desenvolvido pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), rede que reúne 144 investidores sociais, empresariais, familiares ou independentes. De 2010 para 2012, a participação de fundações montadas por famílias mais do que dobrou. "A gente nota um aumento das fundações familiares. É uma forma de investir com segurança", aponta André Degenszajn, secretário-geral do Gife.
De acordo com Degenszajn, muitas das famílias tiveram bons resultados com o negócio próprio e agora apostam em causas sociais. Filhos de endinheirados também fazem parte do perfil. "Há também os herdeiros, que passam a ter responsabilidade pelas empresas. Eles querem se engajar nas causas", conta. São investidores que costumam apoiar projetos ligados, principalmente, à educação. Segundo o Gife, cultura e meio ambiente são áreas que vêm logo em seguida no foco de investimento.
As oportunidades de contribuir socialmente não se restringem à montagem de uma fundação. O investidor tem à disposição no mercado opções de fundos que montam suas carteiras com ações de empresas preocupadas com a responsabilidade socioambiental. Um exemplo é o Fundo Ethical, do Santander, criado em 2001 ainda pelo Banco Real. "A metodologia de seleção das empresas que compõem o fundo foi desenvolvida em parceria com o Instituto Ethos, a organização Amigos da Terra e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa", explica Hugo Penteado, economista-chefe da Santander Asset Management.
A carteira montada pelo Santander registrou rentabilidade acumulada nos últimos 12 meses até outubro de 6,64%. "Nos últimos anos, o fundo teve uma performance favorável, mas ainda falta conhecimento do investidor sobre esse tipo de investimento, sem contar que o brasileiro não é investidor de renda variável", destaca Penteado. Para ele, é preciso acabar com o mito que ronda o mercado de que esse tipo de fundo não traz rentabilidade. "As preocupações sociais fazem parte do valor agregado do investimento", afirma.
Desde 2004, o Itaú Unibanco oferece o fundo Itaú Excelência Social, composto por quase 80 empresas, todas integrantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Além de incluir empresas responsáveis social e ambientalmente, o fundo destina 50% da taxa de administração (de 1,5%) para projetos de entidades sociais. Até este ano, cerca de R$ 20 milhões foram investidos em 116 projetos, segundo Luiz Felix Cavallari Filho, gestor de renda variável da Itaú Asset Management.
"A gente vê uma maior procura de clientes private por esse produto", diz Cavallari. Na visão do gestor, o aumento da demanda pelo fundo está relacionado também com seu desempenho histórico. A rentabilidade acumulada desde 2004 é de 368%, superior à registrada pelo ISE, índice que funciona como referencial do fundo. Mesmo com o resultado positivo, ainda há certa insegurança por parte do investidor. "Lá fora, entre 15% e 20% do montante investido em fundos de ações é investido em produtos que destinam recursos para projetos sociais. Aqui, isso representa somente 5% ainda", exemplifica.
O HSBC também oferece alternativa para o investidor que quer contribuir no combate aos problemas sociais brasileiros. Trata-se do Fundo HGIF, fundo offshore que destina parte da taxa de administração à Brazil Foundation, organização não governamental (ONG) que apoia projetos de desenvolvimento em comunidades carentes no Brasil.

Valor Econômico, 07/11/2013, Eu &, p. D2

http://www.valor.com.br/financas/3330426/projetos-sociais-atraem-donos-…

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