VOLTAR

Projeto exige energia solar em imóveis na capital

OESP, Metrópole, p. C10
09 de Mai de 2007

Projeto exige energia solar em imóveis na capital
Proposta da Prefeitura prevê que novas construções com mais de 3 banheiros adotem tecnologia

Humberto Maia Junior

Os novos prédios da capital poderão ser obrigados a ter sistema de aquecimento de água por energia solar. É o que determina o projeto de lei encaminhado ontem à Câmara pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). O projeto prevê que todas as edificações que tenham mais de três banheiros, uma piscina, hotéis, clubes esportivos, hospitais, escolas e parte do setor industrial, entre outros, tenham sistema de captação de energia solar com capacidade para atender a pelo menos 40% da sua demanda anual de energia necessária para o aquecimento de água.

Para casas com até três banheiros, o projeto prevê apenas a adaptação do sistema hidráulico para receber a energia solar. As demais edificações só estarão isentas se houver obstáculos técnicos que impeçam a instalação do sistema. Os casos serão avaliados por profissionais habilitados, não especificados no projeto de lei.

"São Paulo, como outras grandes cidades brasileiras, não aproveita a energia solar", disse Kassab. Ele explicou que esse projeto está inserido no Cidade Limpa. "Nossa cruzada é o combate à poluição."

A medida, resultado de discussões do Comitê de Ética e Economia, coordenado pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, passa a valer depois de aprovada na Câmara e sancionada por Kassab.

Para o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, se for aprovado, o projeto vai impulsionar o debate sobre arquitetura sustentável e o uso de energia limpa e renovável. "Outros países (Estados Unidos e Europa) com menos luz solar estão mais avançados do que nós."

Segundo o secretário, o projeto é apenas o primeiro passo para ampliar a utilização de energia solar em todas as edificações da capital. Ele disse que não é possível estimar o impacto da aprovação da lei na redução do consumo de energia da capital. "Vai depender do ritmo de crescimento da construção civil."

Estudo da Secretaria do Verde e Meio Ambiente mostra que o Brasil recebe 2,2 mil horas de insolação, quantidade de luz com potencial para gerar 15 trilhões de megawatts, correspondentes a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade. Os chuveiros elétricos consomem 8% da eletricidade produzida no País e são responsáveis por 18% do pico do uso do sistema.

Dados de 2002 apontam que a área de coletores de energia solar no País é de 1,2 metro quadrado por 100 habitantes. O número é menor que em países como China (3,2 m²/100 hab), Israel (67,1 m²/100 hab) e Áustria (17,5 m²/100 hab).

O técnico em eletrônica Ernesto Cezar Evangelista, de 54 anos, tem sistema de captação de energia solar em sua casa desde 2001. A mudança foi feita depois de uma constatação: "Eu via que o sol esquentava o telhado de casa. Como não me mexer e aproveitar isso em meu benefício?"

Hoje, Evangelista utiliza a água aquecida apenas no chuveiro e acredita que o consumo de energia tenha sido reduzido em 30%. "Posso me dar ao luxo de usar o computador e quem paga é o coletor solar."

OESP, 09/05/2007, Metrópole, p. C10

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.