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Programa de baixo carbono ainda não saiu do papel

OESP, Agrícola, p. 7
Autor: YONEYA, Fernanda
13 de Abr de 2011

Programa de baixo carbono ainda não saiu do papel

Fernanda Yoneya

Considerado a principal novidade do Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que destina R$ 2 bilhões para a adoção de técnicas agrícolas conservacionistas, ainda não decolou. O dinheiro já está disponível, mas, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), não há demanda. Para o gerente-executivo da Diretoria de Agronegócios do BB, Álvaro Schwerz Tosetto, é normal o desempenho do Programa ABC ainda ser baixo.
Segundo ele, é preciso considerar que, embora o ABC contemple práticas conhecidas, é uma novidade apresentá-lo com o apelo de agricultura de baixo carbono. "Muitos já fazem integração lavoura-pecuária-floresta e plantio direto", diz Tosetto, que atribui também a baixa demanda à necessidade de assistência técnica capacitada para apresentar um projeto técnico.
Interessado no ABC, o pecuarista Marcelo Mascarenhas, de Minas, procurou um banco no fim do ano passado, sem sucesso. "O gerente não sabia do que se tratava. Vou tentar de novo; agora o programa está disponível no site do BNDES." O pecuarista pretende consorciar eucalipto com pastagem e agregar valor à produção com a renda da madeira. "Como o eucalipto é um investimento a longo prazo, quero financiar o plantio", diz ele, cujo rebanho soma 500 cabeças de gado leiteiro e 1.100 de gado de corte.
O objetivo do Programa ABC é estimular o plantio direto na palha; a integração lavoura-pecuária-floresta (estratégia de produção sustentável que integra as três atividades na mesma área); a recuperação de pastagens degradadas e a fixação biológica de nitrogênio, tecnologia que permite, na soja, com uso da bactéria Rhizobium, substituir em 100% o adubo nitrogenado.
Pelo programa, cada produtor pode solicitar até R$ 1 milhão, com juros de 5,5% ao ano e prazo de pagamento de 12 anos (carência de seis meses a três anos, conforme a tecnologia a ser adotada). O baixo desempenho do Programa ABC também pode ter relação com a questão do Código Florestal, segundo Tosetto, do BB. Para ele, a decisão do agricultor de financiar a recomposição de reserva legal ou de áreas de preservação permanente (APP) depende da definição sobre as mudanças do código.

OESP, 13/04/2011, Agrícola, p. 7

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110413/not_imp705503,0.php

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