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Profissionais da saúde indígena protestam

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=59562
Autor: Vanessa Lima
08 de Abr de 2009

No Dia Mundial da Saúde, profissionais da Diocese de Roraima, do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e do Serviço de Cooperação ao Povo Yanomami (Secoya), responsáveis por prestar serviços à saúde indígena, se reuniram para reivindicar melhores condições de trabalho.

O protesto se estendeu por toda a manhã de ontem, na frente da sede regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Cerca de 30 profissionais estenderam faixas e penduraram um caixão no local representando a "precariedade na saúde indígena" e protestando contra os três meses de salários atrasados.

Luciana Pires, funcionária de uma das Organizações Não Governamentais (Ongs) conveniadas à Funasa, disse que as comunidades indígenas vêm passando por uma série de dificuldades no que diz respeito à saúde.

Ela apontou falta de manutenção nos polos-base dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas Leste e Yanomami, que atendem cerca de 53 mil indígenas. Os profissionais reclamam que não possuem condições para atender as comunidades.

"Faltam equipamentos, horas de helicóptero para que possamos dar assistência às comunidades que só têm acesso por via aérea e medicamento em algumas comunidades. Existem regiões em que indígenas estão morrendo por falta de assistência. Queremos uma saúde de qualidade, que respeite tanto os indígenas quanto os profissionais da saúde", disse Luciana Pires.

A classe está há três meses sem receber e, segundo os manifestantes, essa não é a primeira vez que isso ocorre. Revoltados com a burocracia na documentação para receberem seus salários, os funcionários da saúde dizem que o saldo é "mais morte e desrespeito com os profissionais".

Ao todo são cerca de 400 funcionários da saúde que atuam nas comunidades indígenas pelo CIR e pela Diocese de Roraima 41 indígenas e 45 não-indígenas (veja matéria sobre irregularidades no pagamento na página 06A).

"Só queremos melhores condições de trabalho e que nossos salários sejam pagos. Sabemos que isso poderia ser resolvido se os distritos tivessem autonomia e não precisassem sempre recorrer a Brasília. Se os problemas fossem resolvidos aqui, em Roraima, a saúde seria bem melhor", afirmou Luciana, coordenadora do movimento.

FUNASA - O coordenador regional da Funasa, Marcelo Lopes, falou sobre as reivindicações dos manifestantes. A irregularidade junto à Funasa na apresentação da Certidão Negativa de Débitos foi um dos pontos que veio a contribuir para que o salário dos funcionários não fosse pago, segundo ele. A Diocese de Roraima ainda é notificada a justificar ou devolver recursos financeiros de convênios de anos anteriores, considerados como gastos indevidos.

Lopes explicou que agora que esses recursos estão sendo devolvidos e, a partir desse momento, a Funasa entrou com um processo para dar celeridade à liberação dos recursos. Provavelmente na semana que vem, depois dos problemas pendentes estarem resolvidos, os funcionários devem receber.

Desde que assumiu o cargo, o coordenador da Funasa disse que a precariedade no material permanente das comunidades existe. Diante do quadro, desde o final do ano passado providências vêm sendo tomadas para mudar esse quadro, segundo ele.

Equipamentos estão sendo adquiridos para toda área Yanomami. No âmbito da coordenação regional, mais de R$ 3 milhões foram investidos para aquisição de materiais permanentes. Além disso, foram adquiridos pela Funasa mais veículos. Só para Roraima foram comparados 40 veículos para dar apoio no atendimento à saúde indígena.

No ponto que trata sobre a autonomia dos distritos regionais, Marcelo Lopes disse que a informação não procede. Tudo o que ocorre nas comunidades indígenas é repassado à sede da Funasa, em Brasília, que delibera as ações.

"Esse posicionamento tem como, em primeiro lugar, denegrir a imagem do órgão, querendo enfraquecer a instituição que não está se abalando com isso. Esse é um desabafo dos trabalhadores, mas a Funasa vem desempenhando seu papel em tudo aquilo que é prerrogativa dela", frisou Marcelo Lopes.

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