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Professora indígena desenvolve projeto e é premiada em Cacoal, RO

G1 g1.globo.com
Autor: Magda Oliveira
10 de Set de 2017

Uma professora indígena do ensino infantil da Escola Sertanista Francisco Meireles, localizada na aldeia Suruí da linha 12, a cerca de 60 km de Cacoal (RO), na Zona da Mata, desenvolveu um projeto para preservar a língua e a escrita do povo Paiter Suruí.

Elisângela Dell-Amelina Suruí, confeccionou um livro utilizando figuras da realidade indígena e linguagem de sinais, para ajudar no aprendizado dos alunos. Com a ideia, a professora se inscreveu no prêmio Educador nota Dez, onde foi vencedora.

Elisângela conta que sentiu a necessidade de elaborar um material didático próprio, pois seus alunos falam a língua materna, Paiter Suruí e a língua portuguesa, e quando saiam de dentro das comunidades para iniciar os estudos, tinham dificuldades, pois existem poucos materiais da língua materna disponíveis.

"Quando comecei a trabalhar com os alunos do 1o ao 5o ano, percebi que eles tinham poucos materiais escritos na linguagem deles. E quando a criança sai da comunidade e vem para a escola, eles têm a necessidade de aprender a língua materna, já que essa é a primeira forma de linguagem que é apresentada a eles dentro das comunidades indigenas", explica.

Após perceber essa carência, Elisângela passou a utilizar o conhecimento cultural dos pequenos alunos em atividades a serem desenvolvidas em sala de aula. Na escola onde a professora desenvolveu o projeto, possui apenas três salas de aula com 50 estudantes matriculados no ensino fundamental e médio.

"Os menores faziam os desenhos e os maiores do 4o e 5o ano montavam, colocando os nomes do desenho em português e na língua materna, utilizando todas as letras do alfabeto e os sinais, já que no paiter e no português existem sinais diferentes. Em seguida, decidimos juntar todas essas atividades e transformar em um 'livrinho'", contou a professora, lembrando que para o resultado final foi um ano de trabalho.

Com a elaboração do livro, o aprendizado se tornou mais fácil, pois todo o alfabeto da língua paiter e português foi contemplado. A liderança indígena Naraymi Suruí, foi um dos apoiadores da iniciativa, para ele o livro poderá ajudar as futuras gerações.

"Esse trabalho é uma ferramenta que pode ajudar a nossa geração do povo Suruí a entender a realidade de hoje. É muito importante trazer os valores e nossas características para que nossas origens e princípios não sejam esquecidas", disse Naraymi.

O sucesso do projeto e a aceitação dos alunos chamou a atenção da Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que pretende expandir a utilização do livro para as demais aldeias que tem como língua materna o Paiter Surui.

"Quando a gente pensa em produzir material didático indígena, a ideia é que o próprio professor reflita sobre a prática pedagógica. Esse material de alfabetização é referência, já foi apresentado a outas escolas e professores e todos estão animados para começarem a usar", contou a coordenadora de educação indígena Márcia Helena.

Desde a criação do prêmio em 1998, mais de 67 mil professores participaram do Educador nota Dez.

http://g1.globo.com/ro/cacoal-e-zona-da-mata/noticia/professora-indigen…

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