VOLTAR

Produtores protestam em MT

OESP, Economia, p. B9
26 de Abr de 2006

Produtores protestam em MT
'Grito do Ipiranga' contesta a política econômica do governo

Nelson Francisco

Agricultores de Mato Grosso voltaram a interditar ontem a BR-163, uma das mais importantes rodovias federais para escoamento da produção, em 4 cidades, além de fecharem 5 bancos em Sinop, no Norte do Estado.
O protesto, denominado "Grito do Ipiranga", é contra a política econômica do governo. A partir de Mato Grosso, um dos maiores produtores de grãos e pluma de algodão, os produtores rurais querem fazer mobilizações em todo o País nos próximos dias.
No protesto, os agricultores estão impedindo o transporte de cargas com grãos e insumos agrícolas nas rodovias federais do Estado. Eles usaram pneus e tratores para formar barreiras e impedir o escoamento da produção agrícola.
O presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, um dos coordenadores do movimento, afirmou que os bloqueios continuarão por tempo indeterminado. Os bloqueios ocorrem nos municípios de Sinop, Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde e Sorriso.
Em Sinop, distante 500 quilômetros de Cuiabá, cinco agências bancárias do Banco do Brasil, Bradesco, Unibanco e a cooperativa de crédito Sicredi foram fechadas.
Segunda-feira, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) ingressou com ação civil pública para garantir que o valor mínimo pago ao produtor, conforme o Estatuto da Terra e legislação complementar, cubra os custos de produção e assegure uma rentabilidade de 30% aos agricultores.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), da Famato, todos os produtos agrícolas estão com os preços defasados. Soja, arroz, algodão e milho são culturas usadas como exemplos na ação judicial da entidade. O aviltamento do preço da soja é o que mais chama a atenção.
A Famato alegou que o custo de produção total por hectare, estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de R$1.457,72. Portanto, o preço mínimo, considerando a Lei 4.504/64, deveria ser de R$ 37,90 a saca, mas o valor fixado pelo governo é de apenas R$ 14 pela saca de 60 quilos. A diferença, ou o prejuízo que o agricultor tem de arcar, é de R$ 23,90. Outra reclamação refere-se aos preços do milho e arroz. O custo total de produção de milho, calculado pela Conab, é de R$ 1.860,95 o hectare para um preço mínimo fixado em R$ 11 a saca. O valor deveria ser de R$ 24, 19. Já o arroz, cotado a R$ 20,70 a saca, com base na lei, teria de ser comercializado a R$ 30,02.

OESP, 26/04/2006, Economia, p. B9

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.