VOLTAR

Produtores protestam e acampam no Centro

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=61097
Autor: VANESSA LIMA
01 de Mai de 2009

No último dia do prazo determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a saída espontânea dos não-índios da terra indígena Raposa Serra do Sol, arrozeiros, pequenos produtores e trabalhadores das áreas produtivas realizaram uma manifestação de protesto contra a decisão.

Maquinários dos seis arrozeiros e de aproximadamente dez pequenos produtores foram trazidos das fazendas, em comboio, e estacionados na Praça do Centro Cívico, em frente do Palácio do Governo. A manifestação começou à tarde.

A carreata partiu do Distrito Industrial de Boa Vista, trecho sul da BR-174 sentido Manaus, rumo ao Centro. Na chegada, os manifestantes foram impedidos de entrar na "bola" do Centro Cívico. Mas, depois de um contato com a Casa Civil, a manifestação prosseguiu e todos os maquinários e caminhões se instalaram no local.

Colheitadeiras, tratores, plantadeiras, pulverizadores, subsoladores, grades, entre outras máquinas, estão por toda a praça onde fica a explanada do Palácio Senador Hélio Campos. Faixas com frases contra a decisão do STF e pedaços de pano preto significando luto foram colocados nos caminhões estacionados.

Cerca de 14 policiais da Força Nacional de Segurança e 80 da Polícia Militar, entre policiamento motorizado e a pé, estavam na Praça do Centro Cívico no momento da chegada da carreata. Agentes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e da Secretaria Municipal de Trânsito (Smtran) auxiliaram no trânsito.

"Estamos liberando para que eles possam fazer manifestação pacífica e para evitar qualquer tipo de desentendimento que venha a agravar a situação. O nosso entendimento é que se resolva isso de forma ordeira e que não se crie atrito. A nossa presença é apenas para garantir a ordem", disse o comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel Amaro da Silva Júnior.

Rizicultor ameaça soltar gado e cavalos no Centro Cívico
O produtor de arroz Paulo César Quartiero, proprietário das fazendas Depósito e Providência, diz que o protesto é para mostrar a insatisfação de todos os não-índios que estão sendo retirados das terras indígenas. E também para dizer que, apesar da difícil situação em que se encontram, não irão baixar a cabeça.

"Esse é apenas o começo. Vamos entupir isso aqui de máquinas, colocar gado e cavalos na praça pública, pois não temos para onde levá-los. Vamos ficar aqui até quando aparecer solução, até sermos respeitados. Nós estamos vivos e não estamos com medo das intimidações e ameaças da Polícia Federal e da Justiça. O Supremo Tribunal Federal e o governo federal vão ter que aprender a respeitar a população de Roraima", frisou.

A manifestação irá continuar por tempo indeterminado. Os produtores e trabalhadores irão se reunir para definir qual será o próximo passo. Mais maquinários e caminhões estão sendo aguardados vindos de algumas fazendas que estiveram sendo retiradas da reserva indígena.

A guarda do Palácio do Governo irá permanecer na Praça do Centro Cívico. Hoje um outro efetivo será deslocado para o local.

Rodovias podem ser bloqueadas
Questionado sobre possíveis bloqueios nas rodovias em protesto à possível retirada forçada de não-índios nesta sexta-feira, o rizicultor Paulo César Quartiero disse que os produtores irão fazer o que for necessário, inclusive fechar as BRs.

"Estamos aqui para protestar e dizer que se eles forem tomar o patrimônio das pessoas que estão lá [na reserva], forem prender e humilhar as pessoas, nós vamos trancar o Estado", ameaçou.

"Se roubarem algum bem dos que ainda estão na Raposa Serra do Sol ou se prenderem e machucarem alguém, vamos paralisar o Estado", complementou o produtor de arroz destacando que estará hoje em sua fazenda na terra indígena "esperando, como anfitrião, uma visita importante".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.