VOLTAR

Procuradoria acusa Ibama de ser omisso em licenciamento em MS

FSP, Brasil, p. A6
04 de Mai de 2007

Procuradoria acusa Ibama de ser omisso em licenciamento em MS
Órgão transferiu processo para Estado, o que teria desrespeitado resolução

Hudson Corrêa
Da agência Folha, em Campo Grande

O Ministério Público Federal acusa o Ibama de omissão no licenciamento de um pólo siderúrgico em Corumbá (MS), no Pantanal. O projeto foi lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro de 2005, ao visitar Campo Grande.
Na época, Lula discursou: "Dizem que o Ibama demora muito [para licenciar obras]. Não demora muito, os deputados é que fizeram a lei que regulamenta o Ibama". Seis meses depois, o Ibama transferiu ilegalmente ao governo do Estado, segundo a Procuradoria, o processo de licenciamento.
O Ministério Público fez um estudo e apontou, baseado na resolução 237/97 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que o Ibama não poderia ter transferido o licenciamento. Pela resolução, apenas o Ibama pode fazer o licenciamento porque o pólo tem "impacto ambiental de âmbito nacional", envolvendo o Pantanal.
Outro motivo é o impacto em outro país, a Bolívia. Do território boliviano, virá parte das 225 mil toneladas de carvão vegetal que anualmente serão usadas nos fornos da siderúrgica do grupo EBX, de Eike Batista. Em 2006, a siderúrgica obteve licença do Estado para se instalar no pólo. A Procuradoria diz que o documento foi concedido sem critérios técnicos.
Em 10 de abril, atendendo ao pedido do Ministério Público, a Justiça Federal em Corumbá embargou a obra da siderúrgica e suspendeu a licença. No dia 20, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região cassou a decisão, e as obras prosseguem.
Em sua defesa na Justiça, o Ibama diz que não haverá impactos ambientais diretos na Bolívia e, por isso, o licenciamento é de competência do Estado. Na avaliação do Ibama, os impactos serão apenas locais.
O governo do Estado diz que seguiu critérios técnicos ao conceder a licença à siderúrgica. Segundo o governo, haverá impactos apenas em Corumbá e na cidade vizinha de Ladário.

FSP, 04/05/2007, Brasil, p. A6

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.