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Prefeito tomba escola e Aldeia Maracanã

O Globo, Rio, p. 9
13 de Ago de 2013

Prefeito tomba escola e Aldeia Maracanã
Futuro uso do prédio que abrigou o Museu do Índio ainda não foi decidido

STÉFANO SALLES
stefano.sales@infoglobo.com.br

Os defensores dos equipamentos educativos e culturais do entorno do Maracanã conquistaram uma dupla vitória ontem: o prefeito Eduardo Paes publicou decretos com os tombamentos da Escola Municipal Friedenreich, localizada dentro do complexo esportivo, e do prédio do antigo Museu do Índio, que, atualmente, abriga a Aldeia Maracanã. A escola foi tombada em caráter provisório, enquanto o museu recebeu tombamento definitivo.
Em junho, antes das manifestações populares, a Câmara dos Vereadores tentou tombar o prédio da escola por lei, mas não conseguiu porque a bancada governista se retirou do plenário. Na semana passada, o governador Sérgio Cabral já havia anunciado que desistira de remanejar a escola para outro terreno no Maracanã, a fim de permitir obras de adaptação do ginásio do Maracanãzinho para os Jogos Olímpicos de 2016. Com o decreto, qualquer alteração física deve ser aprovada pelo Conselho Municipal de Proteção ao Ambiente Cultural. Em outro decreto, o prefeito também tombou provisoriamente a sede do Grajaú Tênis Clube.
PROTESTOS CONTRA DEMOLIÇÕES
Já o tombamento do Museu do Índio garante a preservação da área onde se instalou a Aldeia Maracanã. A partir de agora, a colocação de qualquer material para proteger ou iluminar o imóvel, bem como de toldos que prejudiquem a visibilidade da construção, deve ter aprovação prévia dos órgãos que cuidam do patrimônio.
Essa medida, no entanto, não garante que os índios da Aldeia Maracanã poderão fazer uso do imóvel, embora haja promessas do governo do estado de transformá-la em um Centro de Referência da Cultura Indígena.
A escola, por sua vez, estava ameaçada até o início deste mês, quando o governador Sérgio Cabral desistiu de demolir o prédio.
No local da unidade de ensino seriam erguidas quadras de aquecimento para as seleções de vôlei. O edital de concessão do Complexo do Maracanã previa a demolição da escola, que ficou entre as dez melhores instituições públicas do estado no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, referente aos anos iniciais do ensino fundamental (1o ao 5o). O colégio, cujo nome é uma homenagem ao jogador de futebol dos anos 1950 Arthur Friedenreich, seria reconstruído em um terreno de outra instituição municipal de ensino, a 1,3 quilômetro do estádio. Houve uma forte campanha popular contra a demolição.
ALDEIA VOLTOU A SER OCUPADA
O prédio do Museu do Índio também estava, em princípio, marcado para vir abaixo. O projeto inicial do governo do estado era derrubar o antigo museu, com o argumento de que o imóvel atrapalharia a modernização do entorno do Maracanã.
Com a reação dos indígenas e da população, o governador Sérgio Cabral recuou e propôs restaurar o imóvel e ali instalar um museu do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
No início deste mês, o governo do estado deu início ao processo de criação do Conselho Estadual de Direitos dos Povos Indígenas, que também poderá funcionar no local. Com isso, um grupo de indígenas voltou a ocupar o local.
Eles haviam sido expulsos no fim de março, em meio a uma manifestação que acabou em violento confronto com a polícia.

O Globo, 13/08/2013, Rio, p. 9

http://oglobo.globo.com/rio/eduardo-paes-tomba-escola-municipal-frieden…

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