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Plebiscito expõe divisão da população do Pará

O Globo, O País, p. 9
13 de Dez de 2011

Plebiscito expõe divisão da população do Pará
Apesar da decisão de manter o estado unido, maioria dos eleitores de Tapajós e de Carajás queria a emancipação

Cleide Carvalho*
cleide.carvalho@sp.oglobo.com.br

BELÉM. A criação dos estados de Tapajós e Carajás foi rejeitada em plebiscito no último domingo, mas os resultados das urnas deixaram claro que a população do Pará está dividida. Na capital, Belém, a população votou maciçamente contra a divisão do estado: 94,26% disseram "não" a Tapajós, e 94,74% votaram contra Carajás. Apenas cerca de 4% escolheram dividir o estado. O mesmo não ocorreu nas áreas emancipacionistas. Em Santarém, 97,52% votaram pela criação de Tapajós. Em Marabá, 92,5% disseram "sim" a Carajás.
O Pará tem 4.848.495 eleitores, mas 25,71% não votaram, o que equivale a mais de 1,2 milhão de pessoas. Dos 3.601.848 votos válidos, 66,6% rejeitaram a criação de Carajás (2.363.561), e 66,08% disseram "não" a Tapajós (2.344.654). Mais de 1 milhão de pessoas votou a favor de Carajás (1.185.546 votos, 33,92% do total) e Tapajós (1.203.574 votos, 33,92% do total).
- Na nossa região, a maioria votou pela separação. O plebiscito mostrou ao país que essas regiões já estão divididas de fato - afirmou o deputado federal Lira Maia (DEM-PA), presidente da Frente Pró-Tapajós.
Santarém, apontada como capital de Tapajós, amanheceu ontem de luto, com tarja preta em lojas e carros. O resultado das urnas fez com que os políticos já começassem a articular a continuidade do movimento. Enquanto políticos do Tapajós querem apresentar projeto para mudar a capital de Belém para um município na área central do estado e transferir a sede de órgãos públicos, os que defenderam Carajás acreditam que é possível transformar o oeste e o sudeste do Pará em territórios, administrados pelo governo federal.
O principal argumento para transferir as duas áreas para o controle da União são as extensas reservas existentes no oeste do Pará, difíceis de fiscalizar, e as áreas de mineração situadas a leste, cujas atividades são isentas de ICMS (ou seja, não geram renda para o estado) e, ao mesmo tempo, demandam grandes investimentos sociais e oferta de serviços públicos, por atrair milhares de brasileiros sem qualificação profissional.

O Globo, 13/12/2011, O País, p. 9

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