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Plano para setor de energia, que será lançado hoje, trará poucas novidades

Valor Econômico, Brasil, p. A4
11 de Ago de 2015

Plano para setor de energia, que será lançado hoje, trará poucas novidades

Por Rodrigo Polito e Daniel Rittner

Com o objetivo de capitalizar boas notícias do setor elétrico, agora que o risco de racionamento para 2015 despencou, a reboque da queda do consumo de energia e da desaceleração da atividade econômica do país, o governo anunciará hoje o Plano de Investimentos em Energia Elétrica. O Valor apurou, porém, que não está prevista a divulgação de nenhuma informação "bombástica". A ideia, na prática, é apenas dar uma "nova roupagem" aos investimentos já estimados para os próximos anos.
O governo federal deve anunciar investimentos da ordem de R$ 150 bilhões, até 2018, em projetos de geração e transmissão de energia que ainda não foram contratados. O plano terá foco especial em energias renováveis, como eólicas, térmicas a biomassa e usinas solares.
Segundo uma autoridade do setor, o objetivo é divulgar, com detalhes, os investimentos que serão feitos nos próximos três anos e meio. Além de empacotar tudo de forma mais transparente, a ideia é "alavancar os ânimos do empresariado" em meio à maré de notícias ruins. Não estão previstos anúncios relevantes sobre novos empreendimentos de hidrelétricas ou usinas nucleares, por exemplo.
Da mesma forma, não há previsão de divulgação dos dois principais estudos de longo prazo aguardados pelo mercado, o Plano Decenal de Energia (PDE) 2024 e o Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, que traçará a estratégia do governo para a expansão da oferta de cada fonte de energia no país para os próximos 35 anos.
"O evento de amanhã [hoje] é de caráter e objetivo eminentemente políticos, sem nenhuma relevância", disse um especialista convidado para a cerimônia.
A iniciativa privada reconhece que o Ministério de Minas e Energia tem aberto mais espaço ao diálogo desde o início do ano. "Não podemos reclamar de que não temos sido ouvidos. O ministério tem adotado uma postura diferente e em nada lembra o passado recente em que tentava enfiar tudo goela abaixo", disse o presidente da Associação Brasileira dos
Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape), Mário Menel. Ele próprio, no entanto, fez uma ponderação:
"Daí a destravar os investimentos é uma outra história".
A ideia do governo com o lançamento do plano pela presidente Dilma Rousseff, em cerimônia que terá a presença de todos os integrantes da cúpula energética do governo, dirigentes de associações do setor e executivos do mercado de energia, é mostrar que o pior já passou, com relação ao risco de desabastecimento visto na primeira metade deste ano.
Na avaliação de alguns analistas do setor, o objetivo do governo é tirar dos holofotes temas delicados do setor, como a complexa negociação entre o ministério e as geradoras hidrelétricas sobre um acordo para minimizar o impacto do déficit de geração hídrica nas contas das empresas, e a entrada da Operação Lava-Jato no setor elétrico, deflagrada pela 16ª fase da força-tarefa, batizada de "radioatividade" e que culminou na prisão do agora ex-presidente da Eletronuclear Othon
Pinheiro.
O afastamento do risco de racionamento e o "novo" plano energético, porém, não reverteram um problema crônico do Plano para setor de energia, que será lançado hoje, trará poucas novidades setor: 53% da expansão prevista do parque gerador no primeiro semestre de 2015 não se concretizou por causa do atraso nas obras de novas usinas.

Valor Econômico, 11/08/2015, Brasil, p. A4

http://www.valor.com.br/brasil/4174582/plano-para-setor-de-energia-que-…

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