O Globo, O País, p.15
16 de Mai de 2004
PF descobre conexão internacional para venda de artesanato indígena
Segundo delegado, contrabando para Estados Unidos movimenta US$ 500 mil
Os policiais federais que atuaram na Operação Pindorama, que desmontou um esquema de contrabando de partes de animais silvestres usadas em artesanato indígena, descobriram uma conexão internacional para a venda das peças. A investigação, iniciada há um ano, levou à prisão nos Estados Unidos o comerciante Milan Habrowski, dono de duas lojas na Flórida, e, segundo a PF, um dos receptadores do contrabando de plumas, ossos, dentes e garras de animais usados em adereços indígenas.
Na operação, foram presas 11 pessoas no país. Sete deles funcionários e ex-funcionários da Funai que, segundo a PF, recebiam depósitos do exterior. Eles estão sendo ouvidos neste fim de semana pela polícia. São acusados de contrabando, corrupção passiva, receptação qualificada e formação de quadrilha.
Segundo o delegado Jorge Barbosa Pontes, chefe da Divisão e Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico, só essa conexão com os Estados Unidos envolve pelo menos US$ 500 mil (cerca de R$ 1,5 milhão).
Os comerciantes brasileiros envolvidos no negócio recebiam instruções detalhadas do exterior, por fax. Pontes comparou os pedidos a listas de supermercado: encomendavam, por exemplo, plumas vermelhas ou dentes com centimetragem prevista, numa evidência de que as peças eram montadas fora do país.
- Os índios eram usados apenas como caçadores. E são os que menos recebem dinheiro nesta cadeia - disse Pontes.
A PF apreendeu ainda CDs- ROM com catálogos de venda em inglês, prova do esquema profissional das quadrilhas. As peças estão à venda também pela internet, que foi o ponto de partida para as investigações.
Em lojas patrocinadas pela Funai, peças de artesanato saem a preços entre R$ 30 e R$ 600. Mas, no exterior, podem chegar a valer US$ 3,5 mil.
O Globo, 16/05/2004, O País, p. 15
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