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Petrobras tenta vender campos no AM

Valor Econômico, Empresas, p. B4
24 de Mai de 2017

Petrobras tenta vender campos no AM

André Ramalho e Rodrigo Polito

A intenção da Petrobras de vender os campos de gás de Juruá e Azulão representa uma nova chance para que os dois projetos consigam, enfim, sair do papel. Há anos fora das prioridades da estatal, os ativos estão localizados no meio da Floresta Amazônica e demandarão investimentos vultosos em infraestrutura.
Os campos, no entanto, possuem perfis diferentes de negócios. Enquanto Azulão (Bacia do Amazona) está localizado próximo à linha de transmissão Tucuruí-Manaus e já tem estudos avançados para instalação de uma termelétrica gas-to-wire (geração de energia na cabeça do poço), o projeto de desenvolvimento de Juruá (no Solimões) contempla a construção de um gasoduto para escoar a produção até o mercado consumidor, em Manaus (AM).
Os dois projetos são antigos. Azulão foi descoberto pela Petrobras em 1999 e o projeto termelétrico, na região, foi desenvolvido para entrar no leilão de energia nova de 2014, embora nunca tenha sido concretizado. Já o campo de Juruá foi descoberto no final da década de 1970 e teve seu plano de desenvolvimento aprovado em 2010 pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na ocasião, a estatal assumiu o compromisso de iniciar a produção local até 2016, mas com o foco voltado para o pré-sal e com as restrições de caixa nos últimos anos, entrou na gaveta de projetos da companhia.
Juruá está a cerca de 120 quilômetros do polo de gás de Urucu, que por sua vez está conectado, por meio de um gasoduto até a capital do Amazonas. Embora a instalação de uma térmica no local seja uma possibilidade, a construção de um duto ligando Juruá à Urucu sempre fez parte do plano de desenvolvimento da área.
O campo está localizado próximo às descobertas da Rosneft (feitas pela antiga HRT), o que coloca a russa como candidata natural ao ativo. A companhia, inclusive, já desenvolveu estudos com a Petrobras para tentar viabilizar um projeto conjunto de desenvolvimento das reservas de gás da região.
Na ocasião, as duas empresas estudaram não só a possibilidade de construção de um gasoduto, como também alternativas como a instalação de uma térmica ou de uma unidade de liquefação do gás na região. Nenhum projeto, contudo, avançou até o momento.
O entendimento das petroleiras era que, isoladamente, os projetos das duas empresas não se justificariam. Enquanto a Petrobras chegou a estimar entre 600 mil e 800 mil metros cúbicos diários a capacidade de produção em Juruá, ainda em 2011, a HRT (hoje PetroRio) anunciou estimativas de 3 milhões de m3/dia para suas descobertas nas redondezas.
Segundo o projeto de desenvolvimento apresentado pela Petrobras à ANP, Juruá possui reservas 'in place' (total contido no reservatório, embora não necessariamente recuperável economicamente) de 25,9 bilhões de m3. Já Azulão possui 6,6 bilhões de m3.
No processo de desinvestimento dos dois ativos, a Petrobras tenta atrair petroleiras com experiência na Amazônia ou empresas do setor elétrico interessadas em investir na construção de uma termelétrica no modelo "gas-to-wire".
O perfil dos potenciais compradores do campo de Juruá, colocado à venda pela Petrobras, conforme fato relevante divulgado ontem à noite, é o mesmo daqueles do campo de Azulão: de acordo com o "teaser" (alerta de venda) dos dois campos, o potencial comprador, para participar do processos, precisa ou ter sido concessionário de exploração e produção nas Bacias do Amazonas e/ou Solimões; ou possuir capacidade instalada em operação de, no mínimo, 200 megawatts
(MW) de geração termelétrica no Brasil.
Segundo um levantamento feito pelo Valor, 35 empresas preenchem os requisitos. Entre elas estão as petroleiras Rosneft, Petrogal, Petra Energia, Oil M&S e PetroRio. Dentre as elétricas, as que mais se enquadram no perfil são AES, Cemig, Copel, CPFL, EDP, EDF, Engie, Enel, Eneva e Neoenergia.

Valor Econômico, 24/05/2017, Empresas, p. B4

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