Pesquisa ganha prioridade na Suzano

Pesquisa ganha prioridade na Suzano

Empresa investe R$ 16 milhões em genética e biotecnologia para ampliar a produtividade. A estratégia da Companhia Suzano de Papel e Celulose e da controlada Bahia Sul Celulose para aumentar a oferta de madeira prevê este ano um reforço no investimento em pesquisa e desenvolvimento. A área receberá investimentos de R$ 16 milhões, valor 60% maior do que o gasto com a mesma finalidade em 2003, segundo o gerente da divisão de recursos naturais da Suzano/Bahia Sul, Luis Cornacchioni. Os investimentos, afirma Cornacchioni, focarão as questões genéticas e a biotecnologia visando ganhos de produtividade.
O executivo informa que os esforços nessa área já renderam importantes ganhos para a empresa. "Há 20 anos a Suzano obtinha 3 toneladas de celulose por hectare plantado; hoje são 11 toneladas de celulose para a mesma área", diz Cornacchioni. Os trabalhos são desenvolvidos em parceria com universidades e institutos de pesquisa.
A Suzano e a Bahia Sul também estão modernizando e acelerando o plantio de florestas para conseguir atender os projetos de expansão em curso nas duas fábricas. Um dos projetos de maior vulto é o que prevê elevar em 1 milhão de toneladas a produção anual de celulose da Bahia Sul, de cerca de 700 mil toneladas anuais, a partir de 2008. Só neste ano o acréscimo deve ser de 160 mil toneladas entre celulose e papel.
Eucalipto em 190 mil hectares
Para garantir o abastecimento de madeira, a Suzano anunciou investimentos de R$ 380 milhões neste ano, recursos que servirão para plantar 31,6 mil hectares e chegar a dezembro com área total plantada de 190 mil hectares de florestas de eucalipto, segundo o Cornacchioni. O investimento, cujo valor deve se repetir em 2005, é cerca de 30% maior do que o de 2003 - foram US$ 102 milhões em 2003 e serão US$ 130 milhões neste ano - e inclui os R$ 16 milhões para pesquisa. Os valores desembolsados pela empresa para a formação de florestas, manutenção, colheita e transporte vêm crescendo desde 2000, quando foram equivalentes a US$ 55 milhões.
Neste ano, só para comprar terras, serão R$ 50 milhões, 20% mais do que o gasto com a mesma finalidade em 2003. Outros R$ 90 milhões vão para o plantio, manutenção e despesas com a colheita. Mais R$ 15 milhões serão destinados à compra de equipamentos. A verba para comprar máquinas é 5% maior que a desembolsada em 2003 e contempla, principalmente, a aquisição de maquinário para aumentar a mecanização da colheita em áreas que abastecem a controlada Bahia Sul.
No ano passado, a empresa investiu cerca de US$ 4 milhões na compra de 18 conjuntos de máquinas e equipamentos para aumentar a mecanização. Com isso, conseguiu reduzir em aproximadamente 10% o custo da operação. Segundo Cornacchioni, as novas máquinas cortam as árvores a cerca de 10 a 15 centímetros do solo, descascam e cortam a madeira. Cascas e galhos ficam no próprio campo e servem de nutrientes para a terra e a operação reduz em cerca de 12% o volume da madeira e em 5,5% o peso. Assim, o custo do transporte é menor e o processo na fábrica, mais ágil.
Doação de 6 milhões de mudas
A Suzano também trabalha com fomento, doa anualmente cerca de 6 milhões de mudas de eucalipto e oferece assistência técnica ao plantio. São atualmente 570 produtores rurais instalados próximos às áreas das fábricas, responsáveis por 17 mil hectares de área plantada. A Suzano iniciou o programa de fomento em 1973.
As empresas Suzano e Bahia Sul encerraram 2003 com lucro líquido consolidado de R$ 586,5 milhões. O valor foi 964,9% maior do que o do ano anterior, principalmente em função da valorização do real que reduziu a dívida assumida em dólar, segundo o diretor de relações com investidores, Bernardo Szpigel. Os preços dos dois produtos estão em alta. Considerando os aumentos já anunciados no mercado internacional, a celulose terá elevação de US$ 90 e o papel de imprimir e escrever US$ 132 por tonelada até o final deste mês, informou o diretor de exportações, Rogério Ziviane. No total, as vendas externas da Suzano atingiram 237 mil toneladas em 2003, volume 21% superior ao do ano anterior. Na Bahia Sul o volume total de exportação chegou a 441 mil toneladas em 2003, com aumento de 3,6%.

GM, 27/05/2004, Relatório Gazeta Mercantil, p. 3