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Paulo Vannuchi critica Comissão de Direitos Humanos da OEA

O Globo, País, p. 13
22 de Out de 2013

Paulo Vannuchi critica Comissão de Direitos Humanos da OEA
Ex-ministro do governo Lula diz que entidade, da qual fará parte, "está doente"

São Paulo - Preparando-se para assumir, em 10 de janeiro de 2014, uma das cadeiras da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), Paulo Vannuchi disse ontem que a entidade sofre de incoerências, o que deixa "o sistema doente" Por isso, disse o ex-ministro da Secretaria e Direitos Humanos do governo Lula, ele assumirá o cargo com a missão de agir "como médico" para manter sua unidade.
-O sistema está doente (...)- E meu papel lá (OEA) será de médico. Não podemos fazer um relatório anual dizendo que há três países que violam direitos humanos: Cuba, Honduras e Venezuela. Afinal, é provável que a Venezuela não viole os direitos humanos mais do que o Brasil, e não se pode ir para cima da Venezuela sem falar de Guantánamo - disse Vannuchi.
O ex-ministro afirmou que o mais coerente seria fazer um documento com a situação em todos os 35 países-membros da OEA.
-A comissão promoveu uma audiência temática questionando a liberdade de imprensa contra a (presidente da Argentina) Cristina Kirchner. E eu mesmo disse: na hora em que o mundo está discutindo espionagem do governo Obama, vocês não falam nada? - afirmou Vannuchi.
Para ele, se a CIDH continuar atendendo a "agenda Obama" corre-se o risco de um racha na comissão.
- Quando houve as críticas para (usina de) Belo Monte, a presidenta Dilma retirou meu nome da disputa pela comissão. Depois, reapresentou a indicação. Se continuarem nessa linha, Argentina e Brasil se irritam de novo, pegam Venezuela, Paraguai e Uruguai para fazer outro sistema na Unasul, e aí acabou o sistema interamericano. Será que é isso que se deseja? Porque os americanos não se subordinam. Os americanos não acatam as decisões. É muito contraditório - disse Vanucchi.
Para ele, não se pode "ideologizar" a CIDH, com o risco de Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua, por exemplo, ameaçarem sair.
- Cuba, que não é membro, tem a acusação de partido único, perseguem os dissidentes. Honduras tem matança de opositores. Venezuela tem ameaças à liberdade de imprensa, mas o Brasil tem problemas no sistema prisional, ameaças aos indígenas, sem-terra, morte de jornalistas, e não é possível o relatório só com os três. Acho que em 2014 deveríamos ter um relatório sobre os 34 (sic) países-membros, e incluir Cuba, que não tem direito a voto - afirmou Vannuchi.

O Globo, 22/10/2013, País, p. 13

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