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Parceria público-privada garante a conservação do gavião-real na Flona de Carajás

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Carla Lisboa
22 de Mar de 2010

Uma parceria formada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Vale mostra que, mesmo com finalidades divergentes, órgãos ambientais do governo e grupos empresariais de atividade de alto impacto no meio ambiente, como a mineração, podem andar de braços dados em defesa da natureza.

Há dois anos, os três parceiros mantêm o Programa de Conservação do Gavião-Real (Harpia harpyja) na Floresta Nacional (Flona) de Carajás, no Pará, onde a Vale faz exploração de minério de ferro. Com ações de pesquisa e manejo, o projeto conseguiu proteger a reprodução de filhotes do animal, uma das aves mais exuberantes e ameaçadas da fauna brasileira, considerada a maior predadora das Américas.

Mas os frutos da parceria não ficam só aí. Nessa semana, o ICMBio, o Inpa e a Vale lançaram no Salão Nobre da Câmara dos Deputados mais um filhote do programa: uma edição de luxo de um livro de capa dura com texto e fotos sobre o manejo do gavião-real. A publicação será fundamental para auxiliar outros projetos de preservação da ave.

O lançamento do livro, na Câmara dos Deputados, reuniu parlamentares, ambientalistas, jornalistas especializados e demais interessados no trabalho. "Sem essa parceria, seria impossível levar adiante o Programa de Conservação do Gavião-Real na Floresta Nacional de Carajás. Temos nesse projeto um instituto de pesquisa, um instituto de conservação e a Vale", reforçou o analista ambiental Frederico Drumond, chefe da Flona, ao discursar no evento.

Ele destacou dois outros detalhes significativos relacionados ao lançamento do livro, além da parceria público-privada (PPP): o conceito de áreas protegidas e o fato de o evento ter ocorrido no Congresso Nacional, um espaço de debates e grande visibilidade.

"A política de áreas protegidas é uma iniciativa acertada do governo federal, pois, se não existissem as unidades de conservação ficaria cada vez mais difícil conservar animais ameaçados como este. A harpia é emblemática nesse caso e nesse contexto. Sem a floresta, não teríamos o gavião-real na natureza", garante o analista ambiental.

Sobre o evento de lançamento, Drumond lembrou que, em outros tempos, esse tipo de acontecimento seria realizado em algum ambiente restrito, destinado a pesquisadores. "Hoje, estamos lançando esse documento aqui, na casa do povo, em Brasília, dando, com isso, grande visibilidade ao conceito de conservação", disse o chefe da Flona.

PRESSÃO - Biólogo e pesquisador de ave de rapina, Drumond esclarece que a harpia sofre com todos os tipos de pressão. A redução do espaço geográfico dessa ave com a implantação de cidades é um dos principais fatores que determinam a perda do habitat: o maior problema que ela tem de superar para vencer a extinção, afirma.

A exploração seletiva de madeira, por exemplo, segundo ele, é um dos grandes fatores que ameaçam a ave em regiões de floresta, visto que a indústria madeireira derruba as principais e mais altas árvores, que ultrapassam os 35, 40 metros, tais como a castanheira, a samaúma e o jatobá, exatamente as árvores emergentes (que sobressaem ao docel) que o gavião-real escolhe para nidificar, ou seja, para fazer o ninho e para viver pelo resto da vida.

Por ser uma ave imponente e bela, o animal é vítima também da caça e do tráfico de animais. Em seu discurso, Drumond explicou que a fragmentação das áreas florestadas provoca a queda na variedade genética da harpia, o que representa uma ameaça importante para a manutenção da espécie na natuteza.

Maior ave predadora de todas as Américas, a Harpia harpyja hapyja, cujo nome titula o livro, é considerada rainha da floresta. Monitorada e estudada por vários centros de pesquisas e universidades, a ave, ameaçada de extinção, teve seu habitat tragicamente reduzido, ocupado, principalmente, pelas cidades.

Hoje, restrita a algumas áreas de floresta, ela ainda é encontrada no Brasil. Em 2008, dois ninhos dessa ave foram vistos na Floresta Nacional de Carajás, no Pará, e desde então eles passaram a ser observados quase que diariamente.

Na época, ao saber do ninho, a equipe de analistas ambientais do Instituto Chico Mendes na Flona de Carajás passou a trabalhar para eliminar todos os tipos ameaça que pudessem pôr em risco a vida ou impedir a procriação e a continuidade da espécie e os filhotes de gavião-real que ocupavam o ninho.

O resultado é que foi criada essa parceria entre ICMBio, INPA e a empresa Vale no Projeto de Conservação do Gavião Real. O livro, que faz parte de um projeto maior de conservação da harpia, que inclui também ações de coleta de DNA e pesquisa em campo, é o primeiro produto dessa perceria. As fotografias apresentadas são inéditas e revelam o modo de viver da maior águia das Américas em várias unidades de conservação e até na amazônia venezuelana.

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