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Para que o morador urbano perceba o estrago

OESP, Vida, p. A26
05 de Jun de 2005

Para que o morador urbano perceba o estrago
Atlas da ONU mostra impacto da ação do homem em diferentes regiões do planeta

GENEBRA - Os habitantes dos centros urbanos são os principais responsáveis pelo aquecimento global, mas poucos efeitos são percebidos porque atingem principalmente, até agora, regiões isoladas e pouco habitadas. A afirmação parte do diretor do Programa das Nações Unidas de Meio Ambiente (Pnuma), Klaus Töpfer, nas vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje.
"As cidades usam grandes quantidades de recursos como água, alimentos e madeira enquanto também produzem uma grande quantidade de lixo", afirma Töpfer. "As pessoas que vivem em São Francisco (EUA) ou Londres (Inglaterra) devem olhar essas imagens de desmatamento ou degelo do Ártico e pensar o que elas têm a ver com isso. Mas seu impacto se estende além das fronteiras físicas, afetando países, regiões e o planeta como um todo."
Na sexta-feira, o Pnuma lançou um novo atlas ambiental chamado Um planeta, muitos povos, que compara e contrasta imagens de satélite de mais de 80 pontos nas últimas três décadas. A intenção do livro, diz Töpfer, é educar os cidadãos - especialmente os que moram em países industrializados - que seu estilo de vida pode destruir a natureza.
"Uma imagem diz mais do que mil palavras. O atlas fornece evidências de mudanças que causamos a nosso ambiente", diz Pascal Peduzzi, cientista ambiental do Pnuma. As imagens foram coletadas pelo Centro de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos e pela Nasa (a agência espacial americana) e mostram mudanças dramáticas ao redor de cidades como Pequim (China), Daca (Bangladesh), Nova Délhi (Índia) e Santiago (Chile), a destruição de terras cultiváveis, a obstrução de leitos de rios, o escoamento de fontes d'água, a erosão provocada pela mineração e o corte de árvores, entre outros problemas.
Em Las Vegas, área metropolitana que mais cresce nos Estados Unidos, a população subiu de 24 mil habitantes na década de 1950 para 1 milhão hoje - em dez anos, a previsão é que ela dobre. Como resultado, o nível do Lago Meade, cuja água é usada em casas e para irrigar campos de golfe, caiu 18 metros de 2000 para 2003.
"As imagens são tão impactantes como aquelas após o tsunami na Ásia", afirma Peduzzi. Outras fotos mostram os efeitos do crescimento das estufas na Espanha e a redução das florestas tropicais na América do Sul.
O atlas também demonstra os efeitos de conflitos e doenças, como as guerras ocorridas no Iraque - que drenaram as áreas alagadas da bacia e contribuíram para a destruição da maior floresta de palmeiras do mundo, na fronteira com o Irã. Mais de 14 milhões de árvores, ou 80% do que existia em 1970, foram perdidas com milhões de vidas humanas.

OESP, 05/06/2005, Vida, p. A26

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