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Pajé quer de volta sangue de irmãos

A Crítica, Cidades, p. C3
23 de Ago de 2002

Pajé quer de volta sangue de irmãos

O pajé Davi Kopenawa, da aldeia ianomâmi de watoriki, criticou ontem a biopirataria e a violação dos direitos genéticos dos povos indígenas. Davi quer de volta o sangue de seus irmãos levado por pesquisadores norte-americanos para fazer estudos genéticos fora do País, há alguns anos. Davi quer que a sociedade, o povo brasileiro e autoridades ajudem a pressionar os Estados Unidos para resgatar os bens indígenas roubados.
Davi é um dos 40 líderes espirituais que participam da 1ª Conferência de Pajés. O evento será encerrado com uma confraternização entre tribos no Ariaú Towers, na maloca dos Tarianos, no domingo, dia 25. Davi tem um currículo extenso de luta contra a destruição dos ianomamis e o saber xamanístico. Tornou-se o porta-voz da nação no Brasil e no mundo e tem levado suas reivindicações por onde anda.
Marcos Terena, um dos criadores do movimento indígena no Brasil e coordenador geral dos direitos dos povos, disse que discutir, debater e expor propostas para a preservação do conhecimento tradicional, a etnobiologia, uma ciência empírica e milenar, é um dos passos importantes para levantar um tema escondido, mas tão importante: a soberania dos índios e do próprio Brasil.
Para o diretor do Inpa, Marcus Barros, chegou a hora de realizar uma integração indígena, preservando a natureza e o Estado contra a biopirataria. "O mais seguro é o casamento entre a segurança clássica e o conhecimento tradicional. Esse é um resgate que o Governo do Estado começa a fazer e que temos de acompanhar porque a tecnologia internacional avança muito rápido e tem domínio sobre a Amazônia", diz.

A Crítica, 23/08/2002, Cidades, p. C3

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