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Países discutem construção de hidrelétricas, confirma Amorim

OESP, Economia, p. B3
15 de Fev de 2007

Países discutem construção de hidrelétricas, confirma Amorim
Mas Marina Silva alerta que a obra conjunta muda a avaliação ambiental

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou ontem que Brasil e Bolívia discutem a formação de parcerias para a construção de usinas hidrelétricas em território boliviano e na divisa entre os dois países. Essa possibilidade já havia sido levantada nesta semana pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Ao sair do almoço no Itamaraty que reuniu autoridades brasileiras e bolivianas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou, entretanto, que a construção de usinas binacionais na bacia do Rio Madeira pode mudar as condições da avaliação ambiental que está sendo feita pelo Ibama a respeito das duas hidrelétricas do Complexo do Madeira, em Rondônia.

As duas usinas, Santo Antônio e Jirau, terão capacidade de gerar 6.450 megawatts (MW) e estão entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os projetos ainda não receberam o aval do Ibama para irem a leilão, mas a expectativa no governo é de que a licença saia neste mês.

"O que está se discutindo no ministério é Santo Antônio e Jirau. Mas é claro que projetos de outros empreendimentos mudam a natureza do que está sendo avaliado. É outro impacto, que precisa ser avaliado no mérito", disse a ministra. Ela ressaltou que não conhece os planos das usinas binacionais e lembrou que a Bolívia tem uma legislação ambiental diferente da brasileira.

Pelo menos dois projetos de parcerias em hidrelétricas foram mencionados nesta semana por autoridades brasileiras. Um é o da hidrelétrica de Cachuela Esperanza. Com capacidade para 800 MW, seria instalada em território boliviano, no Rio Beni, um dos formadores do Madeira. Outra usina, para 3 mil MW, poderia ser instalada num afluente do Madeira, na divisa dos países, perto do município de Guajará-Mirim (RO).

Para o presidente de Furnas Centrais Elétricas, José Pedro Rodrigues, a construção de hidrelétricas na Bolívia "em nada afeta" a viabilização do projeto para o Complexo do Rio Madeira. Segundo ele, os megawatts previstos para serem gerados com essas usinas apenas seriam "agregados" ao complexo, "fazendo com que o Brasil ganhe uma nova Itaipu".

"Achar que os planos da Bolívia atrapalham o projeto do Rio Madeira é pensar pequeno. A demanda da Bolívia poderá ser atendida com muito menos do que a capacidade total da usina, que será disponibilizada para o Brasil. Além disso, há a possibilidade de fornecedores brasileiros atuarem na construção das hidrelétricas", afirmou.

Rodrigues disse que Furnas ainda não está confirmada para disputar o leilão para a construção das hidrelétricas no Rio Madeira com a construtora Odebrecht.

As duas empresas foram responsáveis pela avaliação da viabilidade de implementação do projeto, que inclui estudos para tornar o rio navegável para escoamento da produção do Centro-Oeste para o Atlântico e, possivelmente, para o Pacífico. "A decisão de participar do leilão será tomada pela Eletrobrás,mas é claro que Furnas tem a vantagem de já ter participado dos estudos", admitiu.

AFTOSA

Os dois governos também discutiram um acordo para o combate à febre aftosa. "Está prevista a assinatura de uma cooperação técnica entre Brasil e Bolívia na área de sanidade vegetal e animal e daremos prioridade a uma ação conjunta no controle da febre aftosa", afirmou o ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto.

Segundo informações preliminares, o Brasil poderia oferecer treinamento de técnicos bolivianos e doar 3 milhões de vacinas ao país. Amorim disse que poderia ser fechado um acordo para financiamento oficial para a exportação de tratores brasileiros à Bolívia.

OESP, 15/02/2007, Economia, p. B3

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